Dólar sobe com impasse Brasil-EUA e simpósio de Jackson Hole em foco

Publicado 21.08.2025, 09:11
Atualizado 21.08.2025, 10:20
© Reuters.

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista subia ante o real nesta quinta-feira, conforme os investidores demonstravam novamente receios diante do noticiário político local, enquanto no exterior as atenções se voltam para o início do simpósio econômico de Jackson Hole, promovido pelo Federal Reserve.

Às 10h05, o dólar à vista subia 0,2%, a R$5,4835 na venda.

Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,25%, a R$5,504 na venda.

Os movimentos do real nesta sessão eram influenciados pela agenda doméstica, com os agentes expressando preocupação com a aparente escalada no impasse comercial e diplomático entre Brasil e Estados Unidos desde uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda-feira.

Dino determinou que cidadãos brasileiros não podem ser afetados em território nacional por leis estrangeiras relacionadas a atos cometidos no Brasil, o que indicou que o ministro Alexandre de Moraes não pode sofrer as punições da imposição pelos EUA de sanções com base na Lei Magnitsky.

Sobre a decisão, Moraes ainda comentou em entrevista exclusiva à Reuters na terça que tribunais brasileiros podem punir instituições financeiras nacionais que bloquearem ou confiscarem ativos domésticos em resposta a ordens norte-americanas.

A percepção do mercado é de que a decisão criou um novo obstáculo para as tentativas do governo brasileiro de negociar a tarifa de 50% dos EUA sobre produtos do país, enquanto também teme uma resposta do lado norte-americano que possa afetar a operação de bancos brasileiros.

O governo dos EUA acusa Moraes de emitir prisões de forma arbitrária e restringir a liberdade de expressão. O ministro também é relator do julgamento em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado, o que o presidente Donald Trump classifica como "caça às bruxas".

"O noticiário local está pautando o mercado, isso me parece claro, apesar de termos uma agenda importante lá fora. O driver é político majoritariamente. Embora essas questões geralmente tenham impacto pontual e agudo, e não crônico", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

Na véspera, o dólar chegou a recuar ante a moeda brasileira, com os investidores fazendo ajustes depois do forte ganho da divisa dos EUA no dia anterior, mas o movimento de pressão sobre o real era retomado neste pregão.

No cenário externo, o principal destaque do dia é o início do simpósio econômico de Jackson Hole, que terá um aguardado discurso do chair do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira, que pode alterar as projeções sobre a política monetária dos EUA.

Operadores têm precificado uma alta chance de o Fed cortar a taxa de juros em sua reunião de setembro, segundo dados da LSEG, com outra redução totalmente precificada até dezembro, o que pode mudar se Powell discursar de forma agressiva contra a inflação.

Dados mistos nas últimas semanas mostraram que as tarifas de importação de Trump podem estar começando a afetar a maior economia do mundo, com a desaceleração do mercado de trabalho e a elevação de preços, colocando em conflito o mandato duplo do Fed de pleno emprego e inflação baixa.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,10%, a 98,326.

(Edição de Camila Moreira)

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