Bruxelas, 6 nov (EFE).- Os ministros das Finanças dos 17 países da zona do euro tentarão nesta segunda-feira, em Bruxelas, finalizar os detalhes técnicos do plano anticrise europeu num momento de tensão máxima pela instabilidade política e econômica da Grécia e ante a ameaça de contágio ao resto do bloco.
Após uma semana difícil pelo anúncio do referendo na Grécia, que provocou a queda generalizada nas bolsas internacionais, a União Europeia (UE) ameaçou cancelar a entrega do sexto lote de ajuda prometida a Atenas, de 8 bilhões de euros, e obrigou o Governo do primeiro-ministro Giorgos Papandreou a desistir da consulta popular.
O premiê conseguiu uma vitória apertada na sexta-feira, quando o Parlamento da Grécia aprovou uma moção de confiança. Ele se concentra agora na formação de um Governo de coalizão para garantir o desenvolvimento do novo plano de resgate, condicionado a mais medidas de ajuste.
Está prevista para este domingo a realização de uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, após o encontro entre o presidente da República, Karolos Papoulias, e o líder do partido opositor Nova Democracia, Antonis Samaras, que insistiu na convocação de eleições antecipadas e na renúncia de Papandreou.
A instável situação grega tomará boa parte da reunião de ministros, que também analisará a situação da Itália, depois que o primeiro-ministro Silvio Berlusconi se comprometeu a tomar medidas econômicas de acordo com as reivindicações da UE e a permitir sua supervisão pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Comissão Europeia (órgão executivo da UE).
Além desses debates, os ministros se concentrarão em desenvolver o plano europeu contra a crise, cujas linhas gerais foram estipuladas na cúpula de outubro: uma margem de 50% para a dívida grega e um novo pacote de ajuda de 130 bilhões de euros, a recapitalização dos bancos europeus e o fortalecimento do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).
Os 17 países discutirão o plano de elevar para 1 trilhão de euros as reservas do FEEF, atualmente dotado de 440 bilhões de euros.
Sobre a mesa, há dois modelos para conseguir esse reforço do fundo: a utilização do FEEF para garantir no mercado primário parte das perdas sobre os bônus soberanos de países vulneráveis; e a criação de uma agência de investimentos para atrair verbas públicas e privadas, principalmente de países emergentes, que poderia funcionar em colaboração com o FMI.
No entanto, os países emergentes deixaram claro na reunião do G20 em Cannes nesta semana que ainda é cedo demais para se comprometerem a ajudar a UE e pediram que o apoio à Grécia comece de forma viável.
Após a reunião de ministros da zona do euro, os ministros de Economia e Finanças dos 27 países da UE se reunirão na terça-feira em Bruxelas para retomarem as conversas sobre Grécia, Itália e a delicada situação da economia europeia.
Serão focadas questões que afetam todos os membros do bloco, como a proposta da Comissão Europeia de criar uma taxa para as transações financeiras e a recapitalização dos bancos. A UE pretende continuar com sua taxa nas transações financeiras, apesar de a iniciativa ainda não contar com o apoio de algumas das grandes potências para se tornar uma medida global.
Fontes diplomáticas afirmaram que cada vez mais Estados-membros apoiam a proposta de impor uma taxa às transações financeiras, apesar da oposição de outros, como Reino Unido e Suécia, o que dificulta a aprovação de uma medida que precisa de unanimidade no Conselho.
Sobre a recapitalização dos bancos europeus, ainda não foram divulgados muitos detalhes, depois que os chefes de Estado e de Governo da UE decidiram em 26 de outubro elevar as exigências de capital de máxima qualidade (Core Tier 1) dos bancos para 9% antes de julho de 2012, o que obrigaria as instituições europeias a buscarem mais de 106 bilhões de euros. EFE