Cannes (França), 4 nov (EFE). A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, se mostrou "satisfeita" pelo papel de supervisão exercido pela instituição nas reformas prometidas pela Itália, que, em sua opinião, não foram muito críveis.
"O problema que detectamos é a falta de credibilidade" nas reformas anunciadas, disse Lagarde em entrevista coletiva nesta sexta-feira ao término da cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes), e pouco depois de saber do pedido do Governo de Silvio Berlusconi para que o FMI comprove o cumprimento das medidas.
A opinião de Lagarde é compartilhada por altos funcionários europeus, como o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, que hoje declarou que o pedido italiano "melhorará a credibilidade de seus esforços".
Barroso não hesitou em afirmar que a credibilidade da Itália estava sendo minguada e usou como exemplo o aumento do diferencial de sua dívida nos mercados secundários, que atribuiu ao não cumprimento das reformas anunciadas na cúpula europeia de outubro.
Para Lagarde, "uma das melhores maneiras de ter credibilidade é contar com um supervisor independente, que verifique que as promessas estão sendo aplicadas".
Lagarde se referiu às reformas que Berlusconi levou à cúpula da eurozona. Agora, uma equipe de analistas do FMI viajará para a Itália para "vigiar o início das medidas e publicar os resultados de maneira regular, a cada quatro meses".
"Seremos rigorosos, exigentes e esforçados", disse a diretora-gerente do Fundo, acrescentando que, embora o primeiro-ministro siga anunciando novas medidas, o objeto de sua supervisão será o plano apresentado em outubro.
Lagarde reconheceu que o FMI havia oferecido à Itália participar de uma Linha de Crédito Preventiva, um instrumento financeiro do Fundo que normalmente está associado a este tipo de supervisão, mas o Governo de Berlusconi rejeitou a oferta. EFE