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Estratégia de Carteira: Como dolarizar a carteira? Agora é a hora?

Publicado 02.07.2023, 15:46
Atualizado 03.07.2023, 07:00
© Reuters.
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Investing.com – Após romper o piso de R$5,00, o dólar vem rondando o patamar de R$4,80 nas últimas semanas. Ainda que os analistas apresentem divergências em relação ao potencial para a moeda americana, a recente desvalorização frente ao real e os patamares elevados das taxas de juros dos Estados Unidos vêm atraindo investidores para a dolarização do patrimônio. O movimento ocorre com a expectativa de que as fed funds fiquem elevadas por mais tempo para conter as pressões inflacionárias e trazer o indicador de preços à meta de 2%, tornando os títulos do Tesouro mais atrativos.

Ter uma carteira dolarizada significa investir parte do seu patrimônio em moeda americana. Apesar das oscilações, investidores usam diferentes estratégias para exposição a ativos relacionados ao dólar, considerando fatores como objetivos de investimento, incluindo prazo e perfil de risco, quantia a ser alocada e custos envolvidos nas transações, que podem afetar a rentabilidade de determinado produto.

É um bom momento para dolarizar a carteira?

Na visão dos especialistas consultados pelo Investing.com, sempre é um bom momento para dolarizar o portfólio, mas o cenário atual torna o ponto de entrada atrativo. Além do rendimento dos ativos, o investidor ainda pode ser beneficiado com uma eventual apreciação do dólar, seja motivada por futuras altas nos juros dos Estados Unidos ou com perspectivas de recessão no mercado americano.

Bancos, analistas, estrategistas, corretoras e gestoras divergem sobre esse tema, no entanto. Mas o Boletim Focus, com uma média das projeções de representantes do mercado financeiro, indica dólar a R$5 ao final deste ano e de R$5,10 no ano que vem.

William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, avalia que a recente depreciação do dólar frente ao real traz uma oportunidade ímpar. “Hoje, além de um dólar mais barato, para quem tem reais, há a maior taxa de juros nos Estados Unidos desde antes da crise de 2008".

Bruno Stein, diretor geral da Global X ETFs Brasil, concorda com o timing.  “Esse é um momento muito bom do ponto de vista de transformação dos investimentos e sobre o ponto de vista do dólar, porque haveria mudança de moeda e agregando fator de risco, acho que temos não somente agora, mas nos próximos seis meses, um ponto de compra da moeda americana muito bom.  A moeda vem perdendo força em relação aos emergentes e o Brasil ganha espaço destacado, com moeda brasileira se fortalecendo um pouco mais do que as moedas de emergentes”.

Por qual motivo dolarizar a carteira?

A diversificação é vantajosa em carteiras no mercado interno ou no exterior. Por isso, ter acesso a um leque muito mais amplo de ativos financeiros e exposição à moeda que é referência mundial são alguns dos argumentos a favor de uma estratégia de dolarização. Quando o investidor possui ativos com referência na moeda americana, quando o dólar é apreciado, estes ficam ainda mais atrativos em termos de real, resultando em ganhos de capital mais robustos.

Stein afirma que a dolarização representa diversificação de fatores de risco, seja comprando moeda, trocando a moeda da reserva em conta no exterior, ou por meio de aquisição de produtos que tenham comportamentos atrelados ao dólar. Outro motivo que favorece o argumento da dolarização é a proteção diante de instabilidades e ciclos econômicos no país, pulverizando os riscos.

Ter uma carteira dolarizada era um privilégio restrito a poucos investidores, no passado, pois os procedimentos para esta finalidade pareciam um sonho distante daqueles com menos tempo ou dinheiro. Após ampla popularização dos mercados financeiros no Brasil e difusão de tecnologias que facilitam a aquisição de ativos em outros países, essa realidade mudou.

O que significa dolarizar a carteira?

A compra de ações de empresas listadas nos Estados Unidos, de títulos (bonds) do Tesouro americano e fundos de investimentos internacionais (câmbio, ações, entre outros) são algumas estratégias para dolarizar o patrimônio, além da compra da própria moeda ou contratos futuros da moeda americana, segundo Michelle Veronesi, especialista em investimentos no exterior.

Para exposição ao mercado internacional, o investidor também pode optar por ETFs (Exchange Traded Funds), que são fundos de investimento atrelados a um índice de mercado americano, como o Nasdaq 100, Dow Jones ou S&P 500 nos Estados Unidos. Outra forma é investir em Brazilian Depositary Receipts (BDRs), que são certificados de depósito emitidos por instituições financeiras no Brasil, de ações de companhias estrangeiras, incluindo as americanas.

Abrir uma conta em corretora internacional envolve custos e regras diferenciadas – assim como diferenciação na hora de declarar esse tipo de ativo no Imposto de Renda (IRPF), lembra Veronesi. Por isso, se decidir investir no mercado americano ou em ativos de outros mercados, o investidor deve estar preparado para lidar com regulamentações distintas. “Hoje, o investidor brasileiro, quando faz a escolha, olha muito para o produto em termos de rentabilidade, de resultado, de portfólio, mas deixa de olhar para a legislação. Existem diversas estruturas que fazem com que determinado produto se torne extremamente atrativo para o investidor. E, dentro dessas regras, há impactos fiscais, e isso não é observado”.

Cuidados diferenciados ao investir no exterior

As oscilações da moeda e dos ativos escolhidos pelos investidores trazem oportunidades, mas também incluem novos riscos, segundo Stein. “Então o investidor precisa alocar um dinheiro que, de uma forma simplificada, não faça falta, que não precise de uma hora para outra”, reforça.

Por isso, o primeiro cuidado é buscar uma instituição sólida e com acompanhamento facilitado. Alves acredita que, além disso, é preciso seguir o perfil de investidor e pensar a carteira como um todo. “O brasileiro, às vezes, vem muito com a cabeça pensando e comparando retornos nominais. É preciso levar em consideração que o dólar é uma moeda forte e que guardou reserva de valor ao longo dos 30 anos do plano real”. O monitoramento da performance pode demandar ajustes caso as premissas da análise sejam alteradas.

Veronesi completa que o registro formal desses investimentos também requer atenção. “Dependendo da forma, é preciso registrar o documento na instituição de câmbio para compra de moeda, informar a recorrência disso, isso tem que ficar claro, para que o investidor não tenha dificuldade para trazer esse dinheiro de volta para o Brasil”.

Como dolarizar a carteira, quais as principais formas e cuidados hora de investir no exterior ou em ativos expostos à moeda? Quais as oportunidades mais indicadas no momento? Essas e outras perguntas são os pontos de discussão em mais um episódio Estratégia de Carteira.

Confira o novo episódio do Podcast Estratégia de Carteira, disponível no Deezer, Spotify, Google e Apple Podcasts. Siga o Investing.com Brasil na sua plataforma de áudio preferida!

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