Javier Albisu.
Kuru (a Guiana Francesa), 13 fev (EFE).- O primeiro foguete aeroespacial europeu fabricado neste século, o Vega, foi lançado nesta segunda-feira com sucesso num voo inaugural de uma hora e 21 minutos, de acordo com o que foi planejado pela Agência Espacial Europeia (ESA).
O Vega, um foguete de 30 metros de altura e 137 toneladas de peso concebido para colocar em órbita cargas de pequeno porte, foi lançado nesta manhã do Centro Espacial Europeu de Kuru, na Guiana Francesa. A nave atingiu 1.450 quilômetros de altitude e colocou nove satélites em órbita.
"Hoje não existe nenhum satélite que não possa ser posto em órbita por um serviço de lançamento europeu", afirmou no fim da missão o diretor da ESA, Jean-Jacques Dordain.
O lançamento do Vega representa mais de nove anos de trabalho e um investimento de 710 milhões de euros.
O Vega, que pode transportar 1,5 toneladas até 700 quilômetros de altitude, completa a família de lançadores europeus, e se junta ao Ariane 5, de cargas pesadas, e o russo Soyuz, que desde outubro do ano passado opera cargas intermediárias na Guiana Francesa.
As palavras do ex-astronauta foram o ponto final de uma longa hora de tensão entre os cientistas, que sofreram em silêncio e depois de completada a missão explodiram em aplausos e abraços. Na umidade tropical de Kuru, escutaram-se cantos entusiastas misturado com champanhe.
Os responsáveis pela missão, que insistiram que o voo inaugural teve caráter experimental, temiam a repetição do desastre de 5 de junho de 1996, quando o Ariane 5 explodiu um minuto após ser lançado.
Mas o trabalho científico de uma década permitiu que o voo inaugural do Vega fosse um sucesso. Nas três primeiras fases do lançamento foram queimados, em 5 minutos e 47 segundos, 122,3 toneladas de combustível sólido para levar a carga até a órbita desejada.
Em seguida, o "cérebro" do Vega, um módulo de 20 metros cúbicos chamado AVUM, iniciou um complexo baile espacial de uma hora e 15 minutos, no qual acendeu e apagou por várias vezes seus motores, até colocar em órbita o satélite LARES, que analisará a teoria da relatividade enunciada por Albert Einstein.
Depois, o Vega pôs em órbita o ALMASat-1, concebido na Universidade de Bolonha, na Itália. Por último, lançou sete pequenos satélites em miniatura desenvolvido por universidade europeias, graças ao trabalho de 250 estudantes de 10 países diferentes.
O exemplar espanhol, o Xatcobeo, tem a forma de cubo com lados de 10 centímetros e pesa um quilo. O satélite foi desenvolvido pela Universidade de Vigo, em colaboração de outros parceiros.
O responsável pelo projeto, Fernando Aguado, que acompanhou a missão, disse à Agência Efe que o lançamento foi "um momento emocionante e inigualável".
O Xatcobeo medirá a radiação de partículas de alta energia praticamente no anel interior do cinturão de Van Allen, região onde ocorrem vários fenômenos atmosféricos.
A Itália é o país que mais contribuiu para o lançamento do Vega. Também ajudaram no projeto Espanha, França, Holanda, Bélgica, Suécia e Suíça.
Os próximos cinco lançamentos do Vega estão garantidos por meio de um programa da ESA que fornecerá 400 milhões de euros adicionais ao projeto. Depois disso, o foguete deverá realizar dois lançamentos por ano, a um preço de 32 milhões de euros por decolagem. EFE