Exterior empurra dólar para cima antes de decisões de BCs

Publicado 11.03.2022, 17:06
Atualizado 11.03.2022, 17:41
© Reuters. Notas de reais e dólares
10/09/2015
REUTERS/Ricardo Moraes

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar fechou em alta nesta sexta-feira, depois de furar o suporte de 5 reais e novamente não se sustentar abaixo dessa marca, num dia de força da moeda norte-americana contra a maioria de seus rivais e novas quedas nos mercados de ações, reflexo do sentimento ainda frágil do investidor em meio à guerra na Ucrânia.

A ansiedade de investidores antes de uma semana carregada de decisões de política monetária lá fora --os BCs de EUA e Inglaterra decidem juros-- e aqui colaborou para a postura mais defensiva do mercado nesta sessão.

O dólar à vista subiu 0,74%, a 5,054 reais na venda.

A moeda bateu a mínima do dia ainda no começo dos negócios, em queda de 0,68%, a 4,983 reais. Mas logo na sequência as compras apareceram, e de forma gradual e estável o dólar foi ganhando força ao longo do pregão, até fechar perto da máxima intradiária, de 5,0605 reais, alta de 0,87%.

O dia foi fraco também para moedas emergentes em geral, que caíam 0,3% no fim da tarde, segundo índice do JPMorgan (NYSE:JPM). Enquanto isso, o dólar seguia para cima, em forte alta de 0,8% contra uma cesta de seis divisas de países ricos, mantendo-se perto de máximas em quase dois anos.

A disparada nas expectativas globais de inflação causada pelo rali das commodities como resultado da guerra na Ucrânia e das sanções à Rússia tem ampliado apostas de que o banco central dos EUA precisará ser mais duro no combate aos preços.

Ainda que o Fed deva se ater a uma alta de 0,25 ponto percentual no juro na próxima semana, como esperado, a dúvida é a duração do ciclo, se em algum momento o banco central precisará ser mais agressivo e em que velocidade reduzirá o balanço do Fed --o que seria, na prática, um verdadeiro enxugamento de liquidez.

O economista-chefe do BV, Roberto Padovani, disse que a guerra na Ucrânia não é a "principal história de 2022" e, sim, a mudança das políticas monetárias no mundo desenvolvido.

"O mercado (doméstico) agora está animado, mas historicamente esses efeitos de insegurança global (por causa da guerra) e aperto monetário acabam compensando a melhora dos termos de troca e dos juros", afirmou.

O BV baixou suas estimativas para o dólar ao fim de 2022 e 2023, mas segue prevendo depreciação cambial frente aos patamares atuais, em função das incertezas eleitorais e da menor liquidez internacional.

E a força do dólar contra outras moedas tende a se estender ao real. A correlação entre o euro e as moedas emergentes, por exemplo, recorrentemente opera próximo a +1 --ou seja, se o euro cai, as divisas emergentes também se desvalorizam.

O Bank of America (NYSE:BAC) rebaixou seu cenário para o euro a 1,05 dólar no término do ano, ante 1,10 dólar --o euro era cotado em torno de 1,09 dólar nesta sexta. O BofA projeta que o Fed elevará os juros sete vezes neste ano e mais quatro no próximo. Por ora, a taxa norte-americana segue próxima a zero.

No acumulado da semana, o dólar no Brasil ainda caiu 0,48%. Em março, a cotação recua 1,98% e em 2022 cede 9,32%. O real segue na liderança do desempenho global neste ano.

O UBS BB (SA:BBAS3) --que vê o juro no Brasil batendo 13,75% em maio-- acredita que a taxa de câmbio deverá encontrar suporte nas altas de juros domésticas e também nos fluxos estrangeiros de capital e nos superávits na balança comercial. O banco calcula dólar em torno de 5,25 reais neste ano e em cerca de 5,00 reais no primeiro trimestre de 2023.

(Edição de Isabel Versiani)

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