Pedro Parente deve ser anunciado presidente-executivo da Petrobras (SA:PETR4) até sexta-feira (José Cruz/ABr)
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Com a confirmação do “time dos sonhos” na equipe econômica liderada por Henrique Meirelles, o mercado aguarda medidas concretas, especialmente na área fiscal, onde a contagem do déficit cresce a cada dia. A expectativa pela indicação de nomes para estatais e o mercado internacional permeiam o humor do investidor nesta quarta-feira (18).
Ministro em três diferentes ocasiões durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Pedro Parente deve ser anunciado presidente-executivo da Petrobras até sexta-feira (20), informaram duas fontes à Reuters. O atual presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, já teria sido informado sobre a substituição.
Temer quer que Parente, atualmente presidente do conselho de administração da BM&FBovespa (SA:BVMF3), ajude a recuperar a Petrobras, que é a empresa de petróleo mais endividada do mundo e está sofrendo com o impacto dos preços em queda e um escândalo de corrupção que restringiu acesso ao financiamento.
No Banco do Brasil (SA:BBAS3), o mais cotado para assumir é Antonio Gustavo Matos do Vale (SA:VALE5), que já foi vice-presidente da instituição financeira durante o governo de FHC. Ele, que já foi diretor do BC quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocupava o Palácio do Planalto, é presidente da Infraero desde o início do governo Dilma Rousseff (PT).
O presidente do PSD, Guilherme Campos, confirmou a O Financista que foi convidado e que aceitará assumir a presidência dos Correios. O convite partiu do ministro das Comunicações, Ciência e Tecnologia Gilberto Kassab, também do PSD. "O convite foi feito. As conversas com o presidente (em exercício) Michel Temer estão quase finalizadas. Agora é aguardar que ele aprove a indicação do Kassab e faça o anúncio até o final da semana."
Sobre uma eventual abertura de capital dos Correios, Campos disse que se pronunciará apenas após assumir o comando da estatal.
De acordo com Aldo Moniz, analista da Um Investimentos, “ainda que nomes já estejam ventilando pelos mercados, a possível confirmação de indicações mexe com o humor dos investidores momentaneamente e depois deixar de influenciar porque tudo tem vindo dentro do previsto”.
“Os agentes estarão atentos a qualquer novidade. Enquanto não tiver nada de surpreendente, vão operar de olho no exterior”, observou Moniz. “Sem surpresas, o suporte do Ibovespa fica em 50 mil pontos e a resistência em 54 mil pontos”, completou.
Na agenda externa, destaque para a ata da última reunião do Fomc (sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto) do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que sairá às 15hs (horário de Brasília). Os agentes devem operar no aguardo de pistas sobre o momento em que outro aumento de juros deve ser feito.
Mesmo sem muitos indicadores relevantes no exterior, Moniz destaca que a tendência dos preços das commodities nos mercados internacionais e dos índices acionários do exterior devem estar no radar dos agentes locais.
O principal índice acionário chinês recuou ao menor patamar em dois meses e meio diante do aumento das expectativas de aumento de juros nos Estados Unidos na próxima reunião do Fed, em junho.
As bolsas europeias operam em queda e os índices futuros norte-americanos oscilam próximo da estabilidade. Os preços do petróleo têm leve alta.
No mercado de câmbio, o Banco Central volta a atuar após a moeda se manter abaixo de R$ 3,50 e fará um leilão de swap cambial reverso – equivalente a compra de dólares no futuro – entre 9h30 e 9h40. Serão ofertados 20 mil contratos por até US$ 1 bilhão.
“Com o dólar valorizado no exterior e mais um anuncio de leilão de swap cambial reverso, a moeda americana deve abrir o pregão em alta”, afirma João Paulo de Gracia Corrêa, superintendente da SLW Corretora.
O poder e a economia
Articulação – O presidente em exercício Michel Temer tem café da manhã com líderes do Senado nesta quarta-feira. À tarde, participa de reunião com o Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, e com o ministro das Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab.
Ajuste – A Comissão Mista de Orçamento (CMO) pode votar o projeto de lei que muda a meta fiscal do governo para 2016.
Contas públicas – O Senado pode votar a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que institui a DRU (Desvinculação das Receitas da União) para a União, Estados e municípios. A PEC sobre precatórios também está na ordem do dia do Senado.
Fazendo contas - Os ministérios da Fazenda e do Planejamento estão com dificuldades para chegar a um consenso sobre a nova meta fiscal. O comandante da Fazenda, Henrique Meirelles, defende que a nova meta seja definida sem descontos. Do outro lado, o chefe do Planejamento, Romero Jucá, quer incluir no cálculo um abatimento para o caso de as receitas não corresponderem as expectativas. A única concordância entre as duas pastas é de que o cenário estabelecido será pessimista. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
Rombo - Novos cálculos da equipe econômica realizados para determinar a nova meta fiscal para 2016 apontam um déficit de R$ 150 bilhões no pior cenário. A intenção seria fixar a meta considerando o cenário de maior risco e assim evitar as constantes mudanças que vinham sendo feitas pelo governo de presidente Dilma Rousseff. Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a definição sobre o assunto deve sair nesta sexta-feira (20). A informação é do jornal Valor Econômico.
Previdência – Reunião do grupo de trabalho composto por representantes do governo e por sindicatos para discutir a reforma da Previdência.
Bonde dos prefeitos – Os prefeitos de todo o país vão apresentar uma lista de 30 demandas ao presidente em exercício Michel Temer. As reivindicações serão organizadas em um documento pela Frente Nacional de Prefeitos.
Bloc party – Líderes de partidos menores vão formalizar a criação de um bloco parlamentar na Câmara, contendo 225 assentos, constituído pelo PP, PR, PSD, PRB, PSC, PTB, Solidariedade, PHS, PROS, PSL, PTN e PEN.
Correria - O senador Raimundo Lira, presidente da comissão especial do impeachment no Senado, defende que o julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff seja antecipado e concluído em 120 dias ao invés dos 180 dias previstos. Com isso, o julgamento aconteceria até meados de setembro. Quem não aprovou a ideia foi o PT. “Queremos exercer da forma mais ampla possível o direito de defesa, queremos todas as provas, todos os argumentos”, disse o presidente do partido Rui Falcão.
Tesoura – O ministro das Cidades, Bruno Araújo, revogou a autorização que a presidente afastada Dilma Rousseff havia concedido para que a Caixa Econômica liberasse recursos a entidades para a construção de 11.250 novas moradias do Minha Casa Minha Vida. Segundo comunicado, o ministério afirma que se trata de uma “medida de cautela” e que o governo não tem recursos suficientes para manter o atendimento determinado pela administração anterior. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
Tesoura 2 - Após declarações polêmicas sobre SUS (Sistema Único de Saúde), o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que a solução para o financiamento do sistema está relacionada a reforma da Previdência Social, o que reduziria os “gastos excessivos” com essa área. Barros argumentou que a Previdência consome 50% da arrecadação federal, o que para ele compromete outras áreas sociais. Com uma alteração, haveria mais receita para manter os programas do governo. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
Rombo - O Ministério das Relações Exteriores pediu ao Planejamento R$ 800 milhões para cobrir dívidas. A pasta comandada por José Serra tem orçamento de R$ 2,98 bilhões, mas apresenta problemas no repasse aos consulados, pagamento de auxílios a diplomatas e atrasos nos salários de pessoal no exterior. Em conversa com o ministro do Planejamento, Romero Jucá, Serra pediu prioridade na análise dos dados e disse que a situação é “pré-falimentar”. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
O que acontece no mundo corporativo
Quem é vivo sempre aparece - A Petrobras lançou nesta terça-feira US$ 6,75 bilhões em títulos de dívida com vencimento de cinco e dez anos, a primeira emissão da companhia em um ano, de acordo com a Reuters.
De credor a sócio - A Oi (SA:OIBR4), operadora de telefonia mais endividada do Brasil, deve receber uma proposta de credores externos para converter até R$ 10 bilhões da dívida em ações, segundo a Reuters. A ideia será discutida na quarta-feira, quando a Oi inicia negociações com detentores de títulos representados por Moelis & Company.
Como previsto - A Eletrobras (SA:ELET3) informou que não vai entregar seus formulários 20-F relativos aos exercícios sociais de 2014 e 2015 até o prazo de quarta-feira. Segundo a companhia, as investigações internas conduzidas pelo escritório Hogan Lovells ainda não estão substancialmente completas.
Saldão - A Cemig (SA:CMIG4) decidiu que focará na venda de ativos para reduzir suas dívidas, que quase dobraram desde o final de 2015 e tornaram-se uma das principais preocupações da gestão, disse o diretor de Finanças, Fabiano Maia Pereira.
Tudo normal - A mudança de governo no Brasil, com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, não interfere nas negociações da chinesa State Grid para uma eventual aquisição dos ativos da espanhola Abengoa no Brasil, afirmou o vice-presidente da State Grid, Ramon Haddad.
Antecipação - A Sabesp (SA:SBSP3) iniciou discussões com a agência reguladora estadual Arsesp envolvendo o ciclo de revisão tarifária previsto para abril do próximo ano, afirmou o presidente da empresa, Jerson Kelman.
Para comentar mais tarde
Infraestrutura e setor externo ajudarão Temer a desarmar bomba deixada por Dilma. Quando Dilma Rousseff assumiu a Presidência pela primeira vez, em janeiro de 2011, o retrato da economia era muito diferente do que ela deixou em 12 de maio deste ano para Michel Temer, atual presidente interino do país. Veja mais na matéria de Weruska Goeking, de O Financista.