Berlim, 14 mai (EFE).- O julgamento da sobrevivente da célula terrorista neonazista Clandestinidade Nacionalsocialista (NSU), Beate Zschäpe, foi retomado nesta terça-feira em Munique, mas a defesa da ré pediu uma nova interrupção, alegando falta de espaço.
Os advogados da acusada argumentaram que a capacidade da sala onde acontece o julgamento, na Audiência Territorial de Munique, é insuficiente, dado o grande interesse midiático no caso, e solicitaram a mudança para uma sala maior.
O pedido foi feito pouco após a retomada do processo, aberto na segunda-feira da semana passada e já então interrompido pouco após seu início por uma reivindicação da defesa, integrada por três advogados.
O julgamento foi suspenso no dia de sua abertura porque a defesa apresentou várias reivindicações alegando parcialidade do juiz, mas elas foram rejeitadas na sexta-feira.
Beate, de 38 anos e sobrevivente do grupo Clandestinidade Nacionalsocialista (NSU), é acusada de pertencer a um grupo terrorista e de vários assassinatos, pelas mortes de oito imigrantes turcos, um grego e uma policial, entre 2000 e 2007.
Os outros dois membros da célula, Uwe Böhnhard e Uwe Mundlos, se suicidaram em novembro de 2011, quando eram perseguidos pela polícia após assaltar um banco.
A morte dos companheiros da ré trouxe à tona a existência do grupo e de seus assassinatos, já que durante anos as mortes de oito imigrantes turcos e um grego eram atribuídas a ajustes de contas entre estrangeiros.
A alemã se entregou quatro dias depois do suicídio dos comparsas e até agora não se pronunciou sobre as acusações.
Para o julgamento eram previstas 80 audiências, até janeiro de 2014, mas espera-se que se prolongue. O processo da acusação tem 488 páginas, e foram convocadas 606 testemunhas.
A comissão do Parlamento alemão que investiga a NSU atribuiu ontem a um "fracasso policial sem precedentes" o fato de que seus membros se movimentassem na impunidade durante 13 anos, apesar de cometeram dez assassinatos e perpetraram vários atentados com bomba.
O caso do grupo é reflexo de um "vergonhoso fracasso, de várias perspectivas", apontou o presidente da comissão, o social-democrata Sebastian Edathy.
Não há indícios fundamentados que sustentem que a polícia encobriu ou protegeu o grupo, mas sim de uma cadeia emissora de erros por parte das forças de segurança frente aos extremistas, acrescentou Edathy, ao apresentar o relatório parcial de suas investigações.
A comissão foi formada no ano passado, após a revelação tardia da existência do grupo, por causa do suicídio de dois de seus membros. EFE