São Paulo, 21 set (EFE).- A Argentina poderá participar da
exploração petrolífera no Brasil por meio da produção de
equipamentos, com créditos oferecidos pelo Governo brasileiro,
declarou hoje o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Miguel Jorge.
"A Argentina tem uma tradição grande (na indústria) e grande
capacidade (de produção) tanto em grandes equipamentos, como no
fornecimento de componentes para a indústria", disse Jorge em
entrevista coletiva concedida junto à ministra de Produção da
Argentina, Débora Giorgi, com quem se reuniu hoje em São Paulo.
O financiamento para as empresas argentinas do setor seria feito
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Giorgi afirmou que a Argentina "quer fazer parte das cadeias de
provedores" e apontou que seu país tem "capacidade e experiência"
para fornecer equipamentos utilizados na exploração de petróleo.
"Definimos hoje que a integração produtiva será parte da pauta
prioritária dos dois Ministérios", apontou Jorge.
Os ministros se reuniram hoje em São Paulo para avaliar a
evolução do comércio bilateral nos últimos meses e revisar os
alcances dos acordos estabelecidos em diferentes setores da
economia.
Jorge lembrou que, "apesar da crise", o comércio com a Argentina
"é muito importante", mas previu que as trocas comerciais com os
vizinhos cairão para entre US$ 20 bilhões e US$ 21 bilhões em 2009,
"longe dos US$ 30 bilhões alcançados em 2008".
Entre janeiro e agosto de 2009, as exportações do Brasil para a
Argentina caíram 40,9% frente ao mesmo período de 2008, enquanto as
importações diminuíram em 19,4%.
Para enfrentar essa redução, Brasil e Argentina criaram hoje um
"mecanismo rápido" para dar soluções a questões pontuais do comércio
bilateral por meio da comunicação permanente entre secretários
(vice-ministros) e a realização de reuniões ministeriais bimestrais,
ressaltou Jorge.
Giorgi também falou que Argentina e Brasil farão negociações para
a integração da indústria naval e no setor de serviços e bens de
capital.
A pronta liberação de 1,3 milhão de toneladas de trigo argentino
para exportação, a maioria delas destinadas ao Brasil, e um acordo
para a venda direta ao país de três mil toneladas de laticínios
foram outras das medidas argentinas anunciadas por Giorgi.
Sobre as recentes exigências dos empresários, especialmente dos
brasileiros, para a implementação de tarifas não automáticas de
importação por parte do Governo argentino, Jorge considerou que a
medida "é um direito da Argentina dentro das regras do comércio
mundial". EFE