Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) -A atividade econômica brasileira iniciou 2023 com fraqueza em janeiro, de acordo com dados do Banco Central nesta sexta-feira, em um mês marcado por perdas na indústria e em serviços e ressaltando as dificuldades que a economia enfrentará em um ambiente de juros elevados e cenário global desafiador.
O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), teve em janeiro recuo de 0,04% na comparação com o mês anterior, segundo dado dessazonalizado do indicador que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB).
O resultado mostra forte perda de tração em relação a dezembro, quando o índice avançou 0,47%, em dado revisado pelo BC de uma alta de 0,29% informada antes, interrompendo série de quatro resultados negativos seguidos.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 3,03%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a uma expansão de 3,00%, de acordo com números observados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve enfrentar no início de seu terceiro mandato uma economia em desaceleração que desde o final de 2022 já enfrentava os efeitos do forte aperto monetário promovido pelo Banco Central, o que foi motivo de fortes críticas do governo.
"Projetamos desaceleração da demanda doméstica e em componentes de oferta cíclicos, devido principalmente à esperada recessão global e aos efeitos da política monetária apertada do Banco Central", avaliou em nota Gabriel Couto, economista do Santander Brasil (BVMF:SANB11)
"Mas também esperamos forte crescimento da produção agrícola não cíclica, refletindo uma previsão recorde para a colheita de grãos", completou ele, calculando previsão de alta de 0,5% do PIB no primeiro trimestre.
Dados do IBGE mostraram que o PIB brasileiro encolheu 0,2% no quarto trimestre e fechou 2022 em desaceleração frente ao ano anterior, com avanço de 2,9%.
Em janeiro, tanto a indústria quanto o setor de serviços registraram contração. A exceção foram as vendas no varejo, que tiveram alta recorde para o mês desde o início da série histórica, em 2000.
Na última reunião de política monetária, o BC manteve a taxa básica de juros em 13,75%, atraindo novas e fortes críticas do governo, e a expectativa é de manutenção da Selic no encontro de maio, mantendo uma política monetária contracionista.
O mercado prevê para este ano uma expansão do PIB de 0,90%, indo a 1,40% em 2024, de acordo com a pesquisa Focus mais recente.
(Edição de Luana Maria Benedito)