Por Mohammed Ghobari
SANAA (Reuters) - Atentados suicidas contra o poderoso movimento muçulmano xiita Houthi e um acampamento militar mataram pelo menos 67 pessoas, em dois ataques separados, nesta quinta-feira no Iêmen, horas depois de uma crise política ter forçado o primeiro-ministro a renunciar.
Pelo menos 47 pessoas, incluindo quatro crianças, morreram quando um atacante suicida detonou um cinturão repleto de explosivos em um bairro da capital do Iêmen onde partidários do grupo Houthi planejavam realizar uma manifestação, disseram médicos e testemunhas. Ao menos 75 pessoas ficaram feridas.
Uma testemunha da Reuters em Sanaa contou ao menos 20 corpos imediatamente após o ataque, que teve como alvo um posto de controle operado pelos Houthis, a principal base de poder do país desde que as forças paramilitares desse movimento tomaram a capital em 21 de setembro, depois de semanas de protestos contra o governo.
Um policial que fazia a segurança de um banco perto da praça Tahrir, no centro de Sanaa, disse que o homem usando o que parecia ser um cinto repleto de explosivo aproximou-se de um ponto de controle do movimento Houthi.
Em um incidente separado, ao menos 20 soldados do governo foram mortos em um ataque com um carro-bomba e tiros de artilharia no leste do país nesta quinta-feira, disse a agência de notícias estatal Saba. Nessa região um grupo ligado à rede Al Qaeda tem atacado instalações militares e edifícios do governo nos últimos meses.
Os ataques ocorreram poucas horas depois que um embate político entre os Houthis e o presidente Abd-Rabbu Mansour provocou a renúncia do primeiro-ministro Ahmed Awad bin Mubarak, cuja nomeação na terça-feira havia irritado os líderes Houthis.
No outro ataque, em Burooom, uma região litorânea no leste da província de Hadramout, um hommem lançou um carro-bomba contra um acampamento militar, enquanto homens armados tentaram invadir a instalação, disseram uma autoridade local e uma testemunha. Os soldados reagiram, mas a Saba afirmou que 20 soldados foram mortos.
Ninguém assumiu a responsabilidade pelos ataques até o momento.
(Reportagem de Mohammed Ghobari, reportagem adicional de Mohammed Mukhashef)