Mercado passa a ver Selic em 12,25% no próximo ano, com inflação mais alta em 2025 e 2026

Publicado 20.01.2025, 09:03
© Reuters. Parque Ibirapuera, São Paulon26/04/2024. REUTERS/Amanda Perobelli
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SÃO PAULO (Reuters) - Analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver uma taxa Selic mais alta ao fim do próximo ano, elevando também suas projeções para a inflação em 2025 e 2026, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.

O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para a taxa básica de juros agora é de 12,25% ao fim do próximo ano, de 12,00% na semana anterior. Em 2025, a projeção de 15,00% foi mantida.

A Selic está atualmente em 12,25% ao ano, após o BC acelerar o aperto no mês passado ao elevar a taxa de juros em 1 ponto percentual. A autarquia também sinalizou que realizará mais dois aumentos da mesma magnitude nas duas primeiras reuniões do ano.

A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda um aumento na projeção para a inflação neste ano e no próximo. A mediana das expectativas para o IPCA em 2025 agora é de alta de 5,08%, de 5,00% na semana anterior, no que foi a 14ª semana consecutiva de aumento na previsão.

Para o fim de 2026, a projeção para a inflação é de 4,10%, de 4,05% há uma semana.

O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

As mudanças nas projeções ocorrem na esteira da contínua piora da percepção dos indicadores econômicos por parte do mercado, impulsionada pelo aumento dos receios com o cenário fiscal brasileiro após o anúncio de um projeto de reforma do Imposto de Renda no fim de novembro que ofuscou a apresentação de medidas de contenção de gastos.

Os investidores também têm demonstrado preocupações com o início do governo de Donald Trump nos EUA, com sua posse ocorrendo nesta segunda. A expectativa é de que as medidas do presidente eleito, que incluem tarifas de importação, fortaleçam o dólar e prejudiquem ativos e as economias de países emergentes.

Em uma das únicas divulgações econômicas importantes da semana passada no Brasil, o BC informou que seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou avanço de 0,1% em relação ao mês anterior, em dado dessazonalizado.

A leitura ficou praticamente estável ante o ganho de 0,09% de outubro, mas foi melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de estagnação no mês.

© Reuters. Parque Ibirapuera, São Paulo
26/04/2024. REUTERS/Amanda Perobelli

No Focus desta segunda, houve ainda manutenção na expectativa para o preço do dólar em 2025 e 2026, com as projeções indicando que a moeda norte-americana encerrará este ano e o próximo em 6,00 reais.

Sobre o PIB brasileiro, a previsão é de que a economia do país cresça 2,04% neste ano, ligeiramente acima da projeção de 2,02% da semana anterior. Em 2026, a expectativa é de que a expansão seja de 1,77%, uma queda em relação aos 1,80% previstos na pesquisa anterior.

 

(Por Fernando Cardoso)

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