Assunção, 23 jul (EFE).- O ministro das Relações Exteriores
paraguaio, Héctor Lacognata, afirmou hoje que o Mercosul atravessa
um processo de "descrédito" pela falta de avanços na concretização
dos objetivos iniciais do bloco.
"O desencanto em relação ao Mercosul se generalizou. Parece que
ninguém está confortável. Gostaríamos de anunciar resultados
melhores, mas nos faltou vontade política e solidariedade, condições
essenciais para avançar em um processo de integração", disse
Lacognata na reunião do Conselho do Mercado Comum do bloco, que se
iniciou hoje em Assunção.
O ministro considera que a atual conjuntura da crise mundial
poderia ter deixado "algo positivo" se os membros atuassem "como um
bloco forte e coordenado".
"O Mercosul reagiu à crise com medidas protecionistas
individuais, sem coordenação regional, o que causou um aumento do
descrédito do Mercosul", disse.
O Paraguai e o Uruguai já tinham expressado anteriormente seu
descontentamento com algumas medidas adotadas por Brasil e
Argentina, que alegaram buscar proteção da ofensiva comercial de
países como a China.
Lacognata lamentou que o seu país não tenha aproveitado a
Presidência temporária do bloco, no primeiro semestre, para
concretizar antigos objetivos, como um código alfandegário comum, a
eliminação da dupla cobrança da tarifa externa e a distribuição da
renda aduaneira.
"Existe um processo de perda de relevância do Mercosul como
instrumento de desenvolvimento dos membros. No balanço, as
conquistas são insuficientes diante do que a sociedade precisa",
disse.
Entretanto, o ministro reconheceu que o Mercosul "é um
instrumento importante para o desenvolvimento dos povos". EFE