Rio de Janeiro, 8 mar (EFE).- A participação dos credores no perdão voluntária da dívida grega "será altíssima", afirmou nesta quinta-feira o diretor-executivo do Instituto Internacional de Finanças (IFF), Charles Dallara, que representou os bancos nas negociações da reestruturação da dívida.
"Por muito tempo evitei dar um número específico e seguirei evitando, mas sinto que essa participação será altíssima", afirmou Dallara em entrevista coletiva realizada no Rio de Janeiro.
"Sou bastante otimista sobre o êxito desta negociação, que é muito difícil, e acho que poderemos avançar para a próxima fase, que é a recuperação econômica da Grécia", acrescentou.
Segundo o diretor do IFF, entidade que agrupa grande parte dos bancos do mundo, os termos acertados foram considerados pelas instituições financeiras como "justos" e "atraentes".
Dallara advertiu que os investidores precisam levar em conta o que já foi dito pelo governo grego, que "não há mais dinheiro para oferecer nessa troca de dívidas".
"Essas são as opções reais que temos agora e por isso consideramos que todas as empresas que representamos nas negociações e que têm títulos estão comprometidas a participar da troca voluntariamente", assegurou.
O diretor disse que os bancos consideram os termos da negociação atraentes apesar da troca que os obrigará a "eliminar mais de 50% dos valores nominais dos títulos em seus balanços".
"É um número impressionante, mas o valor atual das perdas é ainda maior", afirmou.
A participação dos credores que possuem pelo menos 75% do volume de sua dívida permitirá à Grécia iniciar o processo de perdão e ativar as Cláusulas de Ação Coletiva (CAC), que obrigam até mesmo as instituições que não aceitaram o perdão a cumprir os termos estabelecidos.
A reestruturação prevê o perdão de 107 bilhões de euros por meio da troca dos bônus atuais por outros depreciados a cerca da metade de seu valor.
Segundo o diretor do IIF, os credores receberão em troca de seus títulos parte em dinheiro líquido, mas o êxito da negociação aumentará a confiança e aumentará o valor dos novos títulos resultantes do processo.
"A previsão é de que a Grécia se recupere e possa voltar a crescer. Acho que haverá uma virada no país e os investidores terão lucro no futuro", assegurou. EFE