Quem tem que cuidar do dólar são os EUA, diz Haddad

Publicado 04.08.2025, 20:10
© Reuters Quem tem que cuidar do dólar são os EUA, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 2ª feira (4.ago.2025) que o comércio entre países “passa cada vez menos” pelo dólar. O chefe da equipe econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, ainda, que os EUA são os que têm de cuidar de preservar a força da moeda.

“Quem tem que que cuidar da moeda americana é o país emitente da moeda americana, que são os EUA. Se a moeda americana teve muita força como reserva de valor, como meio de pagamento, vai continuar tendo se os EUA resolverem seus problemas internos, a sua economia interna”, declarou em entrevista à BandNews.

A declaração de Haddad se deu ao ser questionado sobre uma fala de Lula no domingo (3.ago), em que o chefe do Executivo sinalizou não desistir de buscar fazer negócios em outras moedas que não o dólar. Em discurso no encontro nacional do PT, Lula subiu o tom ao afirmar que os EUA “já deram golpe” no Brasil.

O ministro da Fazenda minimizou a defesa de Lula sobre usar uma alternativa ao dólar no comércio entre os países integrantes do Brics. “O comércio em moeda local está acontecendo. Acontecia muito no Mercosul até outro dia. Estamos retomando o debate para que aconteça mais”, declarou.

Haddad mencionou que negociações entre Índia e Rússia se dão em moeda local. “Nem por isso, a Índia foi penalizada com uma tarifa de 50%”, disse.

Os EUA instituíram tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A expectativa é de que passe a valer a partir de 6 de agosto.

O ministro da Fazenda do Brasil citou outros exemplos:

  • empréstimos internacionais – Haddad citou que essas transações já se fazem em outras moedas. Mencionou o renminbi e o euro e disse que o assunto “não é propriamente uma novidade” por estar previsto em acordos bilaterais.
  • diminuição de reserva em dólar – “Toda hora tem notícia sobre um país ter diminuído sua reserva em dólar pra comprar mais ouro, para comprar mais euro, iene”;
  • moedas digitais – “O comércio em moeda local, sobretudo com as moedas digitais, tendem a ser um fato cada vez mais frequente nas relações bilaterais”;
  • economia dos EUA – “É um assunto doméstico dos EUA quanto a moeda deles vai ter força. Depende de quanto as finanças dos EUA estiverem bem”.

Haddad também disse que a soberania brasileira “não está na mesa de negociação”, bem como a democracia.

EMBATE SOBRE DÓLAR

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), afirmou em 6 de julho que qualquer país que se alinhar às “políticas antiamericanas do Brics” será alvo de uma tarifa adicional de 10% sobre produtos exportados aos EUA. “Não haverá exceções a essa política”, escreveu o líder norte-americano em sua rede social Truth Social.

Em 8 de julho, Trump reiterou que estabeleceria uma tarifa adicional de 10% sobre os países do Brics. Segundo ele, o bloco tenta “destruir o dólar para que outro país assuma a posição e torne sua moeda o novo padrão”.

Em pelo menos outros 2 momentos de 2025, em janeiro e em fevereiro, o norte-americano falou em taxar em 100% os países do Brics se o grupo criasse uma moeda alternativa ao dólar.

Em 4 de julho, Lula mencionou duas vezes em sua fala a necessidade de se usar uma alternativa ao dólar no comércio entre os países integrantes do Brics. Na 1ª, citou as transações financeiras em moedas locais, mas na 2ª, disse que precisava avançar na discussão de uma nova moeda.

As declarações foram dadas durante discurso do petista na abertura da reunião anual do NBD (Novo Banco de Desenvolvimento), conhecido como banco dos Brics, no Rio.

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