SÃO PAULO (Reuters) - O Santander melhorou nesta sexta-feira sua projeção para a expansão do crescimento econômico do Brasil neste ano, após surpresa positiva na atividade do segundo trimestre, e revisou ligeiramente para baixo as expectativas de inflação de 2023 e de 2024.
O banco espera agora avanço de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, contra alta de 1,9% estimada antes, atribuindo a revisão ao crescimento de 0,9% da economia no segundo trimestre deste ano frente aos três meses anteriores, resultado que surpreendeu fortemente as expectativas do mercado.
"A expansão do segundo trimestre concentrou-se principalmente em setores mais sensíveis ao ciclo econômico --apesar das condições financeiras ainda restritivas", escreveram em relatório a economista-chefe do Santander Brasil (BVMF:SANB11), Ana Paula Vescovi, e sua equipe.
"Ainda assim, a perspectiva de leituras negativas do PIB ao longo do segundo semestre permanece, na nossa visão. Consideramos que, após a surpresa positiva no segundo trimestre, houve uma redução no espaço para novas variações positivas na margem", avaliaram os especialistas, que mantiveram inalterada sua projeção de desaceleração do crescimento do PIB para 1,0% em 2024.
Vescovi e equipe também ajustaram ligeiramente para baixo seus prognósticos de inflação deste ano e do próximo, a 4,7% e 3,8%, respectivamente, contra 4,9% e 3,9% antes.
"Vemos uma dinâmica melhor dos preços na margem, principalmente em alimentação no domicílio e serviços... Ainda que seja esperada uma elevação dos preços administrados até o final do ano, devido ao efeito base, acreditamos que tanto a parte mais volátil quanto a parte mais rígida dos preços livres deverão continuar desacelerando", disseram.
Num contexto de melhora na dinâmica inflacionária, o Santander espera que o Banco Central siga em setembro com seu ritmo de afrouxamento monetário de 0,50 ponto percentual, adotado em agosto, que Vescovi e equipe descreveram como "mais rápido do que o esperado".
O banco privado manteve visão de que a taxa Selic encerrará o ano em 11,75%, mas reduziram sua projeção para 2024 a 9,50%, contra 10,00% em seu último cenário.
Devido à surpresa positiva no crescimento do segundo trimestre, que inflou as projeções para o resultado anual da atividade, o Santander acabou reduzindo ligeiramente a estimativa da dívida bruta como proporção PIB para 76,5% este ano, de 77% antes, e a 80,5% em 2024, contra 81,1%.
O banco manteve expectativa de déficit primário de 1,0% do PIB neste ano e de 0,9% do PIB no próximo.
"Para 2024, vemos riscos negativos para a nossa projeção (de déficit) devido à performance recente da arrecadação e com a incerteza relacionada ao real impacto das medidas de elevação das receitas (do governo)", disseram Vescovi e equipe.
"Acreditamos que todos os olhares estarão voltados para o desempenho das receitas à frente."
(Por Luana Maria Benedito)