Por Ian Graham e Russell Cheyne
BELFAST/GLASGOW (Reuters) - O resultado da eleição britânica foi visto como uma vitória para nacionalistas ingleses, escoceses e irlandeses, e pode significar o fim do Reino Unido.
O triunfo retumbante do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, lhe permitirá tirar o Reino Unido da União Europeia no mês que vem, mas pode levar ao rompimento do laço que uniu Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte durante séculos.
Enquanto o Partido Conservador, de Johnson, colocou a oposição de escanteio em grande parte da Inglaterra com sua promessa de fazer o Brexit acontecer, nacionalistas capturaram 48 de 59 assentos parlamentares na Escócia.
Na Irlanda do Norte, apoiadores de uma Irlanda unida conquistaram mais cadeiras do que aqueles da província que querem continuar como parte do Reino Unido pela primeira vez desde a partição de 1921, que dividiu o norte britânico da República da Irlanda, no sul.
Durante a campanha eleitoral, Johnson disse que está comprometido com a união e negou acusações de que seu acordo do Brexit criará uma barreira econômica entre o Reino Unido continental e a Irlanda do Norte.
"A esta altura, de fato parece que este governo conservador de uma nação recebeu um novo mandato poderoso para fazer o Brexit acontecer, e não somente fazer o Brexit acontecer, mas unir o país e levá-lo adiante", disse Johnson nesta sexta-feira depois de conquistar sua própria cadeira no oeste de Londres.
Mas oponentes disseram que o apelo de Johnson ao nacionalismo inglês, com a promessa do slogan "Faça o Brexit Acontecer" às custas dos interesses da Escócia e da Irlanda do Norte, foi fundamental para seu sucesso.
Tanto líderes nacionalistas escoceses e irlandeses quando adversários derrotados viram a vitória de Johnson como um passo rumo à desintegração do Reino Unido.
"Esta noite vimos que provavelmente Boris Johnson está a caminho de obter uma maioria, e está claro que é uma boa noite para o SNP (Partido Nacional Escocês)", disse Jo Swinson, líder do Partido Liberal Democrata que perdeu seu assento no Parlamento escocês para o SNP.
A líder do SNP, Nicola Sturgeon, disse que o resultado é um endosso claro para um segundo plebiscito sobre a independência escocesa.
"Boris Johnson pode ter um mandato para tirar a Inglaterra da União Europeia. Ele enfaticamente não tem um mandato para tirar a Escócia da União Europeia. A Escócia precisa ter uma escolha sobre seu próprio futuro", disse Sturgeon.