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Aliados de Bolsonaro e cúpula do Judiciário apontam cerco se fechando contra ex-presidente

Publicado 18.08.2023, 15:13
© Reuters. Ex-presidente Jair Bolsonaro no aeroporto de Brasília
30/06/2023
REUTERS/Ueslei Marcelino
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Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - Aliados de Jair Bolsonaro e a cúpula do Judiciário veem o cerco se fechando contra o ex-presidente pelo avanço das investigações conduzidas pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Supremo Tribunal Federal a que ele responde, disseram três fontes à Reuters, apontando para uma possível prisão do ex-chefe do Executivo.

A pressão contra Bolsonaro aumentou em especial depois que o advogado Cezar Bitencourt, representante do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, afirmou que seu cliente, que está preso, irá relatar que cumpria ordens do ex-presidente ao vender um relógio Rolex nos Estados Unidos e depois entregar o dinheiro a Bolsonaro ou à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Inicialmente o advogado disse à revista Veja e a outros veículos de comunicação, na quinta-feira, que Cid iria confessar que cumpria ordens de Bolsonaro no esquema de venda ilegal de joias, mas Bitencourt depois recuou e disse, em entrevista nesta sexta-feira à GloboNews, que estava referindo-se apenas ao relógio. Cid está preso desde maio acusado de fraudar cartões de vacinação da Covid de Bolsonaro e de pessoas próximas.

Além disso, o ex-presidente, juntamente com a ex-primeira-dama, também teve os sigilos bancário e fiscal quebrados por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes na investigação sobre a venda de joias recebidas de governos estrangeiros, segundo uma fonte da PF.

O principal cenário de eventual prisão do ex-presidente, segundo fonte do STF, é que ela ocorra apenas ao final da instrução e do julgamento dos processos -- as investigações ainda estão na fase de inquérito. Isso pode demorar anos até ocorrer. Contudo, já não se descarta a possibilidade de uma prisão preventiva caso, por exemplo, seja identificada uma interferência nas investigações.

"Claro que o cerco está se fechando", disse a fonte do STF.

Este é o mesmo cenário com que trabalham aliados de Bolsonaro. Advertem, no entanto, que para ocorrer uma prisão preventiva terá de haver prova robusta contra o ex-presidente, ou uma "bala de prata", que consideram ainda não haver. Uma das fontes da cúpula do PL, partido do ex-chefe do Executivo, disse que, a despeito do cerco se fechando contra Bolsonaro, a ordem é manter o apoio ao ex-presidente.

"Para uma prisão ocorrer no curso das investigações, tem que ter prova, tem que embasar muito bem a ordem de prisão, porque corre o risco de ser desautorizada pelo plenário do Supremo", disse a fonte partidária. "É preciso aparecer um batom na cueca, um depósito, dinheiro ou diálogo comprometedor".

Para essa fonte, há uma ofensiva de adversários contra Bolsonaro em busca de tentar "matá-lo" politicamente. Mesmo já condenado à inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o partido aposta em Bolsonaro para eleger aliados na disputa municipal de 2024 e na sucessão presidencial de 2026.

"Prender o Bolsonaro é para tentar tirar a influência dele na eleição de 2024 e 2026", disse.

 

8 DE JANEIRO

Em outra frente contra o ex-presidente, o hacker Walter Delgatti Neto disse na quinta-feira, em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, que Bolsonaro lhe ofereceu um indulto em troca de colocar em dúvida a lisura das urnas eletrônicas e de assumir a autoria de um suposto grampo telefônico contra o ministro Moraes, do STF.

Uma fonte ligada à família Bolsonaro considerou "devastador" o depoimento de Delgatti à CPI, mas também disse que são necessárias provas tanto do caso do hacker quanto do ex-ajudante de ordens que possam implicar o ex-presidente diretamente.

Nesta sexta, para elevar ainda mais a temperatura política, o STF determinou a prisão da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal por ter se omitido, de forma dolosa, em evitar os atos violentos e a tentativa de golpe no dia 8 de janeiro. Houve troca de mensagens nas quais a alta cúpula da corporação defendia abertamente o retorno de Bolsonaro ao poder após a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do ano passado.

Procurada, a defesa de Bolsonaro informou que não iria se manifestar sobre as declarações da defesa de Mauro Cid nem sobre a quebra de sigilo, indicando que o ex-presidente já falou publicamente. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em Goiás nesta manhã, o ex-presidente disse que seu ex-ajudante de ordens "tinha autonomia" e que quer "clarear o mais rápido possível" o episódio das joias. Os advogados de Bolsonaro já haviam rechaçado em nota anterior as declarações de Delgatti

© Reuters. Ex-presidente Jair Bolsonaro no aeroporto de Brasília
30/06/2023
REUTERS/Ueslei Marcelino

Em postagem em uma rede social, Michelle questionou a ordem de quebra dos seus sigilos e fala em "perseguição política" à família. “Para que quebrar meu sigilo bancário e fiscal? Bastava me pedir! Quem não deve, não teme!”, disse. “Fica cada vez mais claro que essa perseguição política, cheia de malabarismo e inflamada pela mídia, tem como objetivo manchar o nome da minha família e tentar me fazer desistir. Não conseguirão! Estou em paz!”.

Na manhã desta sexta, em sua primeira manifestação após todo o caso, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, divulgou um vídeo no qual cita o que chamou de "diversas injustiças" que estão sendo cometidas contra Bolsonaro.

Aliados do presidente Lula comemoram o desgaste de Bolsonaro. "O cerco se fechou contra o ex-presidente da República. Ali está claro, está apontado como autor, como mandante da tentativa de fraude às urnas eletrônicas, como tentativa de fraude à decisão sempre legitima do povo brasileiro", disse a ministra do Planejamento, Simone Tebet, nesta manhã.

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