Correção: Diferentemente do informado inicialmente, a 3G Capital não é acionista da Ambev e Americanas. Segundo a assessoria de imprensa da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira são acionistas de referência das duas empresas por meio de outros canais de investimentos. Segue o texto com a informação correta.
Investing.com – Após as notícias de que a Petrópolis, terceiro maior player de cerveja do Brasil, teria protocolado pedido de recuperação judicial, em meio a receitas de vendas em baixa e juros elevados, as perspectivas para os concorrentes parecem mais animadoras, mas um novo possível player – e capitalizado – neste mercado poderia mudar essa tendência.
Foi o que apontou em relatório divulgado aos clientes e ao mercado o Itaú BBA, que avalia que o momento da companhia teria impulsionado os ganhos de market share da Ambev (BVMF:ABEV3) e da Heineken ao longo dos últimos três anos. Na visão do banco, o anúncio é positivo para as ações da Ambev no curto prazo, mas é muito cedo para ter uma visão otimista de longo prazo, tendo em vista que a Petrópolis poderia ser adquirida.
O mercado reagiu bem à notícia da concorrente, com alta nos papéis da Ambev de 4,74% nesta terça-feira, 28, seguido de um movimento positivo de 0,75% às 15h20 (de Brasília) desta quarta-feira, 29, cotados a R$14,70.
A XP (BVMF:XPBR31) concorda que a notícia deve ser marginalmente positiva para a Ambev, se não neutra. Segundo a XP, a performance de ontem apenas corrige uma assimetria nas cotações, que vem sendo penalizadas desde a crise na varejista Americanas SA (BVMF:AMER3), pois ambas as companhias possuem como acionistas de referência os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.
Mudança no market share das cervejarias
O grupo Petrópolis teria uma participação em torno de 13% no mercado brasileiro. Segundo a XP, desde a pandemia de covid-19, com bares e restaurantes fechados, a maior parte das companhias do setor cervejeiro lutou para sustentar as margens, diante do aumento de matérias-primas, como cevada, trigo e milho até latas de alumínio.
Com margens comprimidas que poderiam ser insustentáveis no longo prazo na indústria cervejeira, um equilíbrio instável poderia levar a perdas de market share para a Ambev. Segundo relatório do Itaú BBA, “ou a Ambev continuaria ganhando market share lentamente, ou as margens da indústria teriam que aumentar, permitindo que Petrópolis pudesse equalizar sua estrutura de capital em meio a uma dinâmica de rentabilidade benigna para o setor”.
E se houver um comprador?
Na visão do Itaú BBA, se houvesse um comprador para a Petrópolis, “a lenta perda de participação de mercado poderia ser substituída por uma estratégia voltada para a participação de mercado renovada e direcionada”. No caso de uma aquisição por parte de um player internacional, seja total ou de algumas plantas, o Itaú BBA considera que o momento poderia ser perfeito para entrada no mercado local, levando em conta a atual capacidade produtiva da Petrópolis, que gira em torno de 50 milhões de hectolitros por ano.
Em relação a uma possível compra por parte da Heineken, o Itaú BBA considera que a empresa poderia tentar adquirir algumas plantas, tendo em vista restrições do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). “A Heineken poderia licitar algumas dessas fábricas que se encaixam em seu portfólio atual e acelerar sua expansão de capacidade”, detalha o analista Gustavo Troyano.
Para a Coca-Cola, o analista do Itaú BBA aponta que a Petrópolis poderia ser uma alternativa visando preencher a capacidade ociosa da distribuição existente. “Os recentes anúncios de expansão de capacidade na Therezópolis pode ser um indicador de que a empresa está disposta a expandir sua exposição ao segmento”, completa Troyano.
O Itaú BBA possui classificação Market Perform para Ambev, com preço-alvo de R$18 para as ações e de US$3,3 para as ADRs.
Já a XP pondera que como a operação de distribuição possui maior força no sudeste do Brasil, haveria “uma sobreposição em relação a outros distribuidores, o que pode tornar um M&A menos interessante”. Mas, para distribuidores menores, “o apetite é por um player regional, não por uma indústria grande e em dificuldades”, completam Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.