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Após tensão nas negociações de direitos, Copa do Mundo Feminina tem recorde de audiência

Publicado 21.08.2023, 20:52
© Reuters. Torcedores assistem Espanha x Inglaterra em Rickmansworth, Reino Unido
20/08/2023
REUTERS/Suzanne Plunkett

Por Amy Tennery

NOVA YORK (Reuters) - As negociações dos direitos de transmissão da Copa do Mundo Feminina de futebol quase fizeram com que o torneio não fosse transmitido em vários países, mas no fim resultaram em recordes de audiência, com a final entre Espanha e Inglaterra sendo o desfecho perfeito para um torneio emocionante.

A decisão teve uma audiência máxima de 12 milhões de telespectadores na BBC One, maior do que a final masculina do Torneio de Wimbledon, que teve 11,3 milhões em julho.

Já na Espanha, 8,8 milhões de pessoas assistiram pelo menos parte da partida pela TV, de acordo com medição da empresa Barlovento, com a seleção local se sagrando campeã após vencer as inglesas por 1 a 0 na final de domingo, disputada na Austrália.

Caso as tensas negociações antes do torneio entre a Fifa e as emissoras não tivessem dado certo, os dois países que chegaram à final poderiam estar entre os que não poderiam assistir aos jogos da maior edição já disputada da competição.

Pela primeira vez, os direitos foram vendidos separadamente dos referentes ao torneio masculino, e o presidente da Fifa, Gianni Infantino, ameaçou não transmitir as partidas no Reino Unido, Espanha, Itália, Alemanha e França, a não ser que ofertas classificadas por ele como “inaceitáveis” fossem melhoradas.

Em junho, a Fifa prorrogou seu acordo com a European Broadcasting Union (EBU), encerrando assim o conflito.

“Tivemos uma queda de braços com algumas pessoas para fechar os acordos de TV. Bem, eu espero que eles estejam dizendo ‘obrigado’ agora”, disse Jill Ellis, técnica dos Estados Unidos nas vitoriosas campanhas de 2015 e 2019.

O Japão, outro que demorou para chegar a um acordo com a Fifa, também quase ficou sem transmissão.

Thomas Heenan, professor de Esportes e Estudos Australianos no Monash Intercultural Lab, afirmou que a “separação” dos torneios é boa, mas talvez veio em hora errada, com um evento sediado do outro lado do mundo para os mercados da Europa e da América do Norte.

“O futebol feminino, você sabe, alguma hora precisará andar com as próprias pernas. Talvez tenha sido a hora errada para tal”, afirmou. “Mas acho que o mercado existe e é o que essa Copa do Mundo mostra.”

A Austrália, co-anfitriã, alcançou média de 7,13 milhões de espectadores, com pico de 11,15 milhões, ocorrido na semifinal, contra a Inglaterra. Trata-se do programa com maior audiência na Austrália desde que a OzTAM começou a medir o público, em 2001.

Houve sinais de que o torneio seria um sucesso logo no começo da competição, quando a partida de estreia dos Estados Unidos, contra o Vietnã, teve uma audiência de 5,3 milhões de espectadores em horário nobre, de acordo com a emissora Fox. Esse número é quase o dobro daquele observado na primeira partida da seleção em 2019, exibida ao meio-dia.

Dias depois, o empate dos EUA por 1 a 1 contra a Holanda teve média de 6,43 milhões de espectadores, com pico de 8,5 milhões, segundo a Fox.

O jogo de abertura do Brasil, contra o Panamá, registrou 11,47 milhões de espectadores na TV Globo, de acordo com o Ibope.

© Reuters. Torcedores assistem Espanha x Inglaterra em Rickmansworth, Reino Unido
20/08/2023
REUTERS/Suzanne Plunkett

Perguntada sobre quais melhorias ela espera ver em quatro anos, Ellis, que atualmente é presidente do San Diego Wave FC, time que faz parte da liga feminina norte-americana, afirmou: “Melhores acordos de TV, melhores acordos de mídia, maior cobertura”.

“Espero que as pessoas não tenham que ser coagidas a pagar os direitos de TV para a Copa do Mundo Feminina ou qualquer outro evento esportivo feminino”, concluiu.

(Reportagem de Amy Tennery em Nova York, reportagem adicional de Nick Mulvenney e Lori Ewing em Sydney, Leonardo Benassatto em São Paulo, Rachel Armstrong em Londres e Fernando Kallás em Madri)

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