Por Michael Martina e David Brunnstrom e Alexandra Alper
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, dirá ao líder chinês Xi Jinping que a China deve "seguir as regras da estrada" como uma nação responsável, disse um alto funcionário da administração dos EUA sobre a reunião virtual que acontece nesta segunda-feira entre os dois líderes mundiais.
O diálogo em vídeo, iniciado por Biden e e que deve durar várias horas, deve se concentrar em definir os termos para a futura competição EUA-China , disse o oficial a repórteres.
Ambos os lados esperam que a mais longa conversa entre os líderes desde que Biden se tornou presidente, em janeiro deste ano, tornem a relação menos difícil.
Os Estados Unidos e a China, as maiores economias do mundo, discordam sobre as origens da pandemia Covid-19, a expansão do arsenal nuclear de Pequim e o aumento da pressão sobre Taiwan, entre outras questões.
"Esta é uma oportunidade para o presidente Biden dizer diretamente ao presidente Xi que espera que ele siga as regras, que é o que outras nações responsáveis fazem", disse a autoridade dos EUA a repórteres, citando uma lista de preocupações norte-americas, incluindo a "coerção" econômica de aliados dos EUA e alegadas violações dos direitos humanos.
Biden está focado em escrever essas regras "de uma forma que seja favorável aos nossos interesses e valores e aos de nossos aliados e parceiros", disse o funcionário, acrescentando que as negociações com a China devem ser "substantivas e não simbólicas".
"Esta não é uma reunião em que esperamos que os resultados imediatos", acrescentou o funcionário.
As autoridades norte-americanas minimizaram a possibilidade de progresso em negociações comerciais, onde a China está atrasada em um compromisso de comprar 200 bilhões de dólares a mais em bens e serviços do país. Também não está na agenda de Biden discutir tarifas sobre produtos chineses que Pequim e grupos empresariais esperam reduzir.
'SUSPEITA PROFUNDA'
Xi, antecipando os Jogos Olímpicos e um Congresso do Partido Comunista no ano que vem, onde se espera que assegure um terceiro mandato, também está empenhado em evitar tensões aumentadas com os Estados Unidos, mas reprova a atuação norte-americana na questão de Taiwan.
"A questão de Taiwan é a linha vermelha definitiva da China", escreveu o Global Times, um tabloide publicado pelo Diário do Povo do Partido Comunista, no editorial de segunda-feira.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, disse em um briefing na segunda-feira que "Espera-se que os Estados Unidos e a China se encontrem no meio do caminho, fortaleçam o diálogo e a cooperação, gerenciem efetivamente as diferenças, lidem de maneira adequada com questões delicadas e explorem formas de respeito mútuo e paz coexistência."
Xi e Biden na semana passada delinearam visões concorrentes, com Biden enfatizando o compromisso dos EUA com um "Indo-Pacífico livre e aberto", que Washington diz que enfrenta uma crescente "coerção" chinesa, enquanto Xi alertou contra um retorno às tensões da Guerra Fria.
"Ambos os lados têm profunda suspeita um com o outro e estão tomando medidas substantivas para competir em economia, segurança e política", disse Scott Kennedy, especialista em China do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington.
Os democratas no Congresso querem que Biden faça das medidas de redução de risco nuclear com a China uma prioridade, depois que o Pentágono informou que Pequim estava expandindo significativamente suas armas nucleares e programas de mísseis.
Pequim argumenta que seu arsenal é superado pelo dos Estados Unidos e da Rússia, e diz que está pronto para o diálogo se Washington reduzir seu estoque nuclear ao nível da China.
Taiwan deve ter um papel importante nas negociações, com Pequim e Washington cada vez mais em confronto sobre a ilha, que tem governo próprio, mas que a China afirma ser sua.
O governo Biden vem tentando conquistar mais espaço para Taiwan no sistema internacional. Pequim prometeu trazer a ilha de volta ao controle do continente -- pela força, se necessário.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse na semana passada que Washington e seus aliados tomariam "ações" não especificadas se a China usasse a força para alterar o status quo de Taiwan, turvando ainda mais a política norte-americana de longa data de "ambiguidade estratégica" quanto a se os Estados Unidos responderiam militarmente.
(Reportagem de Michael Martina, David Brunnstrom, Andrea Shalal e Alexandra Alper)