(Texto atualizado com mais informações)
Por Lisandra Paraguassu
RIO DE JANEIRO (Reuters) -O presidente Jair Bolsonaro fez uma convocação para que seus apoiadores vão às ruas no 7 de Setembro em um novo ataque ao Supremo Tribunal Federal, momentos depois de ter sua candidatura è reeleição oficializada pelo PL no Rio de Janeiro.
"Nós não vamos sair do Brasil. Nós somos a maioria, nós temos disposição para luta. Convoco todos vocês agora para que todo mundo no 7 de setembro vá às ruas pela última vez, vamos às ruas pela última vez", discursou, enquanto a plateia gritava "mito".
"Estes poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis são os Poderes Executivo e Legislativo. Têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição", acrescentou o presidente fazendo uma referência à toga preta usada pelos ministros do Supremo durante as sessões da corte.
Logo depois de convocar seus apoiadores para manifestações no 7 de setembro --que, em 2021 foram recheadas de ameaças a ministros e terminaram por causar uma crise institucional no país--, Bolsonaro fez os presentes jurarem "dar a vida pela liberdade".
"Nós militares juramos dar a vida pela pátria. Todos vocês aqui juraram dar a vida pela sua liberdade. Esse é o nosso exército, Braga Netto, o povo. Um exército que não admite corrupção, não admite fraude, quer respeito. Quer não. Merece e vai ter. É um exército com 210 milhões de pessoas. Não ousem tocar na liberdade do meu povo", afirmou. O general da reserva Walter Braga Netto foi oficializado como candidato a vice na chapa neste domingo.
Mais cedo, no início de seu discurso de mais de uma hora, Bolsonaro já tinha aberto caminho para ataques ao STF. Afirmou que a população, sem seu governo, havia tomado conhecimento do que era a Suprema Corte.
Nesse momento, seus apoiadores vaiaram o STF e começaram a gritar "Supremo é o povo". Bolsonaro não disse nada, mas esperou quieto os gritos diminuírem para voltar a falar.
Em segundo lugar nas pesquisas, entre 10 e 20 pontos atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro voltou nos últimos meses a atacar as urnas eletrônicas e levantar suspeitas infundadas de fraudes nas eleições. Esta semana, perguntado insistentemente se entregaria o cargo sem problemas no caso de derrota, recusou-se a responder aos jornalistas.
A convenção do PL, no ginásio do Maracanãzinho, reuniu alguns milhares de pessoas.
No palco com Bolsonaro estavam seus filhos, algumas dezenas de parlamentares, candidatos estaduais, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) --destacado pelo presidente como um "cabra da peste que o ajudou a aprovar os projetos importantes para o governo--, Braga Netto e a primeira-dama Michelle.
Além de Bolsonaro, apenas Michelle discursou. Com Bolsonaro registrando enorme rejeição entre as mulheres, coube à primeira-dama abrir a convenção e tentar lembrar a esse público medidas que foram tomadas por Bolsonaro em favor das mulheres. Citou, por exemplo, o pagamento do Auxílio Brasil às mulheres, o que sempre foi feito, e o benefício para mães de crianças com microcefalia por causa do vírus zika.
Em seu discurso Bolsonaro também prometeu manter o valor de 600 reais para o Auxílio Brasil --pela emenda constitucional aprovada, esse valor está garantido apenas até o final do ano. Lula já fez a mesma promessa.
Os apoiadores do presidente presentes na convenção não escondiam o otimismo sobre as possibilidades de reeleição de Bolsonaro.
"Se as eleições forem limpas, é no primeiro turno, é no primeiro turno, simplesmente isso", disse Luís Antônio de Freitas Silva à Reuters.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu, em BrasíliaReportagem adicional de Sergio Queiroz, no Rio de Janeiro)