Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pediram nesta sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso aos depoimentos realizados na véspera pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e por outros investigados no caso referente ao recebimento irregular de jóias e presentes sauditas.
"Diante do significativo progresso nas investigações, notadamente com a obtenção de depoimentos cruciais ocorridos ontem, requer-se a autorização para a atualização dos autos, permitindo o acesso integral aos termos de declarações relativos às oitivas realizadas em 31 de agosto de 2023", pediu a defesa do casal ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
Tanto Bolsonaro quanto Michelle preferiram optar pelo silêncio em seus depoimentos à Polícia Federal, num momento em que Mauro Cid -- que está preso preventivamente desde maio -- desde a semana passada tem dado detalhes aos investigadores da sua participação no caso.
Mais cedo, o advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, disse que o ex-auxiliar de Bolsonaro "assumiu tudo" sobre as questões de eventuais irregularidades com o recebimento de jóias sauditas e não envolveu "em nada" o ex-presidente.
"Estão colocando palavras que não têm no Cid, acusações ao Bolsonaro que não existem. E mais, este problema se falou das joias, da recompra das joias, o Cid assumiu tudo", disse Bittencourt, em áudio distribuído por seu escritório.
"Não colocou o Bolsonaro em nada. Não tem nenhuma acusação em corrupção, envolvimento e suspeita de Bolsonaro. A defesa não está jogando Cid contra Bolsonaro. O Cid faz a sua defesa e esses aspectos, suspeitas que poderia ter envolvimento com Bolsonaro, corrupção e desvio, inclusive militares e generais. O que é isso?", questionou ele.