(Corrige 6º parágrafo para esclarecer que quem irá ao RS no domingo será o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, e não Lula)
(Reuters) - O número de desaparecidos em decorrência da passagem de um ciclone extratropical que provocou chuvas intensas e causou alagamentos e destruições no Rio Grande do Sul subiu para 46 nesta sexta-feira, informou o governo estadual, acrescentando que o número de mortos se manteve em 41.
A alta no número de desaparecidos deve-se à cidade de Muçum, que após registrar 9 desaparecidos na quinta-feira teve o dado elevado para 30. Muçum também concentra o maior número de vítimas fatais em decorrência da tragédia ocorrida entre segunda e terça-feira, com 15 mortos. Há ainda 8 desaparecidos em Arroio do Meio e 8 em Lajeado.
No total, 85 municípios gaúchos foram afetados pelas chuvas causadas pelo ciclone, que deixaram mais de 3.046 desabrigados e 7.781 desalojados ao transformar ruas em verdadeiros rios.
O governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), decretou estado de calamidade pública e cancelou todos os desfiles de 7 de Setembro que ocorreriam na quinta-feira no Estado, em decorrência da tragédia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acompanhou o 7 de Setembro em Brasília, colocou o governo federal à disposição dos gaúchos e enviou ministros ao Rio Grande do Sul para acompanhar os trabalhos.
O presidente em exercício, Geraldo Alckimin, deve visitar a região no próximo domingo, informou nesta sexta o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta. Lula está na Índia para uma cúpula do G20.
"O presidente (em exercício) também decidiu visitar o Rio Grande do Sul no próximo domingo com uma comitiva de ministros e de ministras aonde nós vamos, mais uma vez, reunir com o governo do Estado, reunir com prefeitos, visitar regiões atingidas, para organizar ainda mais esse apoio necessário que o governo federal está disponibilizando para o governo do Estado e para as prefeituras, especialmente para as comunidades mais atingidas", disse em coletiva após reunião que contou com representantes de 10 ministérios.
Conduzida por Alckmin, a reunião no Palácio do Planalto serviu para uma avaliação das medidas já tomadas em relação ao desastre e planejar novas ações.
Segundo Alckmin, o governo federal irá disponibilizar 800 reais por pessoa desabrigada. Os recursos serão repassados às prefeituras, que já podem se cadastrar a partir desta sexta-feira.
"A partir de hoje o governo, através do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, está liberando 800 reais por pessoa", anunciou o presidente em exercício.
"O critério é por pessoa atingida de cada município, mas o dinheiro vai ser transferido para o município, para ajudar os municípios a ajudarem as famílias desabrigadas", acrescentou.
Segundo o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, ainda não há um valor exato do total a ser disponibilizado pelo governo federal para as pessoas desabrigadas. Dias afirmou, no entanto, que trabalha-se com uma estimativa de 5 mil desabrigados, o que somaria ao todo 4 milhões de reais.
"Dependemos, para ter um valor exato, do requerimento apresentando a relação das pessoas desabrigadas por parte de cada município. São 79 municípios já com reconhecimento por parte da Defesa Civil Nacional do Ministério da Integração", explicou Dias, acrescentando que esse número pode chegar a 83 ainda nesta sexta-feira.
Durante a coletiva, Alckmin informou que o governo federal decidiu instalar uma "sala de situação permanente" para abordar as consequências do ciclone.
O presidente em exercício também relatou que entre as medidas já tomadas está o envio de kits de medicação do Ministério da Saúde para 15 mil pessoas, 20 mil cestas básicas -- as primeiras 5 mil devem chegar no domingo -- e a atuação das Forças Armadas, que já conta com 450 militares na região e disponibilizou botes e helicópteros para o resgate de pessoas.
Mais cedo, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, anunciou que o governo vai antecipar "o pagamento dos benefícios previdenciários e assistenciais da Previdência para mais de 700 mil pessoas atingidas pela catástrofe".
Em junho, 16 pessoas morreram no Rio Grande do Sul também em decorrência da passagem de um ciclone extratropical pelo Estado. No início do ano, o Estado enfrentou uma das secas mais severas de sua história, que atingiu centenas de municípios gaúchos.
(Reportagem de Fernando Cardoso, em São Paulo, e de Maria Carolina Marcello, em Brasília)