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Em mais um evento evangélico, Bolsonaro ataca defesa de minorias

Publicado 15.07.2022, 13:45
© Reuters. 16/05/2022
REUTERS/Carla Carniel

Por Lisandra Paraguassu

(Reuters) - Em mais um evento com evangélicos, o presidente Jair Bolsonaro usou uma hora do culto com plateia cativa para defender seu governo e retomar a chamada pauta de costumes, e reclamou que não se pode "ceder às minorias".

"Onde iremos cedendo às minorias? As leis existem, no meu entender, para proteger as maiorias. As minorias tem que se adequar", afirmou, ao defender falas suas anteriores, classificadas de homofóbicas, em que disse que "joãozinho tem que ser joãozinho".

Bolsonaro tem concentrado suas viagens nas últimas semanas em eventos religiosos, especialmente cultos --como o desta sexta, em Juiz de Fora (MG), na abertura do 43º Encontro Estadual das Assembleias de Deus --e as chamadas Marchas para Jesus, que reúnem evangélicos.

Sem poder fazer inaugurações e antes do início formal da campanha --em que caminhadas e comícios estarão liberados-- Bolsonaro tem usado os cultos e marchas para tentar garantir o apoio do público evangélico, no qual ainda tem maioria dos votos, de acordo com as pesquisas.

No sábado, o presidente tem outras duas marchas, em Fortaleza e Natal, e na próxima semana, no Espírito Santo.

Nos encontros, Bolsonaro vem reforçando a chamada pauta de costumes, com a defesa do uso de armas, acusações infundadas de que a oposição quer liberar o aborto e as drogas, e a retomada de discursos contra homossexualidade.

Em Juiz de Fora, cidade em que levou uma facada durante a campanha de 2018, o presidente rememorou os momentos do atentado, mas também usou o discurso de mais de uma hora para dizer que seu governo está vencendo a crise econômica, afirmar que potências estrangeiras estão de olho na Amazônia e voltar a atacar o Judiciário.

"Só tem caneta para um lado. Interferência de todos os lados. Quem manda mais no Brasil? Estamos nessa fase. Ameaças", disse. "Alguns naquelas Praça dos Três Poderes querem o poder absoluto."

Bolsonaro repetiu, ainda, que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deveria se declarar suspeito.

"Quem foi que tirou o Lula da cadeia? Foi o ministro Fachin. Onde está o Fachin hoje em dia? Conduzindo o processo eleitoral. Suspeição ou não é?", disse.

© Reuters. 16/05/2022
REUTERS/Carla Carniel

O ministro foi responsável por anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2021, ao entender que Lula não deveria ter sido julgado pela Vara Federal de Curitiba --decisão que posteriormente foi confirmada pelo plenário do STF.

No entanto, o ex-presidente já havia sido solto porque o plenário do Supremo, meses antes, havia mudado o entendimento sobre a prisão em segunda instância, determinando que a prisão só poderia ser feita depois do processo concluído. Como isso ainda não havia sido feito, o petista foi solto depois de 580 dias preso em Curitiba.

Fachin votou contra a nova interpretação do STF.

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