Por Jenna Zucker
TORONTO (Reuters) - O diretor Ethan Hawke mergulhou fundo nos trabalhos de ficção da falecida autora norte-americana Flannery O'Connor para seu novo filme "Wildcat", na esperança de contar a história dela de uma forma que ajude o espectador a entender sua visão de mundo desenvolvida a partir de sua origem de criança católica branca crescendo no segregado sul dos Estados Unidos.
Nascida em 1925, O’Connor foi uma escritora de ficção altamente conceituada no estilo gótico sulista. No entanto, nos quase 60 anos desde a sua morte prematura por lúpus, suas cartas pessoais e opiniões sobre raça foram criticadas por evidências de preconceito racial.
Em “Wildcat”, que teve estreia internacional no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), Hawke recorre à obra de ficção da autora para contar sua história. Ele e sua filha Maya Hawke, a estrela do filme, queriam mostrar a capacidade de O’Connor de capturar a condição humana em prosa.
“Usei as próprias palavras dela, não tentei defendê-la”, disse Hawke no TIFF. “Usei a própria escrita dela para contar a história.”
A escrita de O’Connor ganhou vários prêmios literários e apareceu num selo postal em 2015. No entanto, cartas pessoais mostram uma mulher que era, em suas próprias palavras, uma “segregacionista por gosto”.
“Wildcat” pretende contar as histórias de O’Connor, mas não é um filme biográfico, disse Maye Hawke, que interpreta O’Connor, bem como personagens de sua escrita.
“Eu me senti ligada a ela desde jovem, porque foi a primeira escritora famosa que eu ouvi se odiar”, disse Maya Hawke.
A Loyola University Maryland disse em 2020 que removeria o nome de O'Connor de um dormitório, citando alguns de seus escritos que refletiam uma perspectiva racista.
(Reportagem de Jenna Zucker)