CABUL (Reuters) - Os Estados Unidos aconselharam neste sábado que norte-americanos no Afeganistão evitem ir para o aeroporto de Cabul, após milhares de pessoas terem tentado fugir do país uma semana depois de militantes islâmicos assumirem o poder.
O aviso chegou após o co-fundador do Taliban, Mullah Baradar, chegar a Cabul para reuniões com outros líderes para formar um novo governo afegão, depois do rápido avanço do Taliban pelo país.
Imagens circularam nas redes sociais esta semana de afegãos correndo na direção de um avião norte-americano C-17 e se pendurando no lado de fora. Um outro vídeo mostrou o que pareciam ser duas pessoas caindo de um avião militar enquanto ele se afastava de Cabul.
Desde então, mais pessoas estão se aglomerando no aeroporto, onde soldados armados do Taliban estão dizendo para quem não tem documentos de viagem para ir para casa. Pelo menos 12 pessoas foram mortas dentro ou nos arredores do aeroporto com uma única pista, disseram a Otan e autoridades do Taliban.
"Por causa das potenciais ameaças de segurança no lado de fora do aeroporto de Cabul, estamos aconselhando cidadãos norte-americanos que evitem ir ao aeroporto e que evitem os portões do aeroporto, a menos que você receba instruções individuais de um representante do governo dos EUA para fazê-lo", disse o alerta da Embaixada dos Estados Unidos.
A Suíça adiou um voo fretado de Cabul por causa do caos.
"A situação de segurança em torno do aeroporto de Cabul piorou bastante nas últimas horas. Muitas pessoas estão na frente do aeroporto e às vezes conflitos violentos dificultam o acesso ao aeroporto", afirmou o Departamento Federal de Assuntos Estrangeiros da Suíça em um comunicado.
O Taliban completou seu rápido avanço pelo país, à medida em que as forças lideradas pelos EUA se retiraram, coincidindo com o que a chanceler alemã Angela Merkel disse no sábado ser um "colapso espantoso" do exército afegão.
A autoridade do Taliban afirmou que o grupo planejava preparar um novo modelo para governar o Afeganistão dentro das próximas semanas, com equipes diferentes tratando de assuntos de segurança interna e financeiros.
"Especialistas do antigo governo serão trazidos para administração de crise", disse à Reuters.
A estrutura do novo governo não será uma democracia, pelas definições ocidentais, mas "protegerá os direitos de todos", acrescentou a autoridade.
O Taliban, que segue uma versão ultra-rígida do islamismo sunita, apresentou uma versão moderada desde que retornou ao poder, dizendo que quer paz e que respeitará os direitos das mulheres, dentro dos parâmetros da legislação islâmica.
(Reportagem de Rupam Jain, James Mackenzie, Will Dunham e Charlotte Greenfield)