Por Crispian Balmer
VENEZA (Reuters) - A primeira produção co-dirigida por cineastas iranianos e israelenses teve que ser filmada em segredo para evitar uma possível interferência de Teerã, disseram os diretores Zar Amir Ebrahimi e Guy Nattiv, à Reuters neste domingo.
"Tatami" é um thriller tenso que mostra um campeonato mundial de judô. O filme estreou mundialmente no Festival de Cinema de Veneza no fim de semana, onde foi aplaudido de pé.
A história se passa ao longo de um único dia de competição quando uma judoca iraniana campeã, interpretada pela atriz norte-americana Arienne Mandi, que fala persa, recebe a ordem de fingir uma lesão para evitar um possível confronto com uma competidora israelense.
Amir Ebrahimi e Nattiv rodaram o filme na Geórgia, país onde os iranianos podem visitar facilmente. Eles ficaram em hotéis separados, falavam inglês e não deixavam transparecer que estavam fazendo um filme com carga política.
"Eu sabia que havia muitos iranianos lá, então tentamos manter a calma e o segredo", disse Amir Ebrahimi, atriz premiada e que também estrela o filme, interpretando a cada vez mais aterrorizada treinadora da judoca.
"Estávamos disfarçados. Sabíamos que era perigoso", disse Nattiv, cujo filme anterior, "Golda", estreou no Festival de Cinema de Berlim deste ano.
O Irã não reconhece o direito de existência de Israel e proibiu os seus atletas de competirem contra israelenses. Num incidente que inspirou “Tatami”, em 2021, a Federação Internacional de Judô deu ao Irã uma proibição de quatro anos por pressionar um de seus lutadores a não lutar contra um israelense.