Por Cassandra Garrison
CIDADE DE GUATEMALA (Reuters) - Os guatemaltecos começaram a votar, neste domingo, no segundo turno de uma eleição presidencial que muitos esperam reverter um retrocesso democrático sob governos recentes.
De acordo com pesquisas recentes, Bernardo Arévalo, um candidato progressista que concorre com uma mensagem anticorrupção, derrotaria a representante do establishment e ex-primeira-dama, Sandra Torres. Esse resultado pode inaugurar uma nova era após as alegações generalizadas de corrupção e autoritarismo crescente nos últimos anos.
O novo presidente da Guatemala assumirá o poder enquanto a violência e a insegurança alimentar assolam o país, provocando novas ondas de migração. Os guatemaltecos agora representam o maior número de centro-americanos que procuram entrar nos Estados Unidos.
"Gostaria que Arévalo ganhasse porque ele não é mais do mesmo", disse Veronica Campos, uma funcionária de escritório de 58 anos, depois de votar neste domingo. "Estamos em um ciclo repetitivo. Erramos tantas vezes acreditando nos mesmos políticos."
A eleição é observada de perto pela comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, depois que a campanha foi prejudicada por tentativas de algumas autoridades de remover Arévalo e seu partido, o Semente, da disputa.
Seu surpreendente segundo lugar na votação do primeiro turno de junho provocou pedidos de recontagens de oponentes, que atrasaram os resultados oficiais. Seu partido foi brevemente suspenso a pedido de um promotor antes que o principal tribunal do país revertesse a proibição.
As idas e vindas políticas deixaram alguns eleitores preocupados com possíveis problemas durante o segundo turno, que Arévalo declarou publicamente já esperar.
"Espero que tudo esteja tranquilo, que a democracia vença, que não haja fraudes ou problemas políticos... e que nosso país saia na frente mais do que tudo", disse Ardem Villagran, de 58 anos, comerciante da Cidade da Guatemala.
O presidente cessante, Alejandro Giammattei, prometeu garantir uma votação ordenada e uma transição de poder.
Mas muitos guatemaltecos continuam céticos, tendo visto o governo nos últimos anos expulsar investigadores de um órgão anticorrupção apoiado pela ONU e visar juízes e ativistas anticorrupção, muitos dos quais fugiram para o exílio.
O procurador-geral que pediu a suspensão do partido de Arévalo havia sido adicionado anteriormente pelo Departamento de Estado dos EUA à sua Lista Engel de "atores corruptos e antidemocráticos".
A Organização dos Estados Americanos (OEA) disse que uma equipe de 86 observadores eleitorais estava no país.
“É fundamental que os cidadãos possam se expressar livremente com plenas garantias e que suas expressões sejam respeitadas”, disse no sábado Eladio Loizaga, chefe da missão da OEA na Guatemala.
O presidente eleito irá assumir o cargo em 14 de janeiro, embora especialistas tenham alertado que os meses após a votação poderão apresentar desafios ao resultado.