KAHULUI, Havaí (Reuters) - Um incêndio florestal que atingiu a cidade turística de Lahaina, na ilha de Maui, no Havaí, matou pelo menos 36 pessoas, disseram autoridades, deixando para trás ruínas fumegantes e forçando milhares a fugir da antiga capital do reino havaiano.
Imagens de vídeo mostraram bairros arrasados e veículos queimados por todo o lado oeste da ilha, conforme os incêndios cortavam a maioria das ruas e avenidas de Lahaina. A cidade é uma das principais atrações de Maui, e traz 2 milhões de turistas para a ilha por ano, ou cerca de 80% de seus visitantes.
Os incêndios florestais, que começaram na noite de terça-feira, pegaram a maioria dos residentes e visitantes de Lahaina de surpresa, forçando alguns a correr para salvar suas vidas e pular no oceano para escapar do inferno em movimento rápido.
Kai Watanabe, cidadão japonês que está entrando em seu segundo ano na Penn State University, estava em um hotel ao norte de Lahaina com sua família quando a energia foi cortada na terça-feira. Eles saíram para comprar lanternas e mantimentos, mas quando tentaram voltar, a estrada estava fechada devido às chamas.
A princípio, Watanabe, de 19 anos, não percebeu que o brilho laranja sobrenatural à distância era um incêndio.
"Parecia um oceano em chamas no horizonte", disse ele por telefone na quinta-feira de um abrigo montado no War Memorial Complex, para onde ele e sua família foram depois de dormir em seu carro por uma noite.
Watanabe estava entre as mais de 2.100 pessoas alojadas nos quatro abrigos de emergência da ilha, informou o Hawaii News Now.
Pelo menos 20 pessoas sofreram queimaduras graves e várias foram transportadas de avião para Oahu para receber tratamento médico, enquanto mais de 11.000 visitantes foram retirados de Maui, disse Ed Sniffen, do Departamento de Transportes do Havaí, na noite de quarta-feira.
Embora pelo menos 16 estradas tenham sido fechadas, o aeroporto estava operando totalmente, disse ele.
A maioria das cerca de 400 pessoas no abrigo do War Memorial na manhã de quinta-feira chegou em estado de choque, com um "olhar vazio", disse o dr. Gerald Tariao Montano, um pediatra que se ofereceu para trabalhar em um turno de seis horas na noite de quarta-feira.
"Alguns não entenderam totalmente que perderam tudo", disse ele em uma entrevista. Ele pediu doações de roupas, suprimentos, alimentos, fórmulas infantis e fraldas. "Precisamos de tudo e rápido."
O governador Josh Green disse que o Havaí não via um desastre tão generalizado e mortes desde 1960, um ano depois de se tornar um Estado dos EUA, quando um tsunami matou 61 pessoas.
O incêndio queimou tesouros culturais, como a histórica figueira-de-bengala de 18 metros de altura de Lahaina, que marcava o local onde ficava o palácio do século 19 do rei havaiano Kamehameha 3º, segundo relatos locais.
(Reportagem adicional de Rich McKay em Atlanta e Brendan O'Brien em Chicago)