RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste domingo que, se eleito em outubro para voltar ao Palácio do Planalto, precisará de uma bancada aliada forte para "dar um jeito no centrão" e aprovar medidas no Congresso como um aumento do piso salarial dos professores.
Em discurso para apoiadores em Florianópolis no encerramento de uma viagem pelas três capitais dos Estados do Sul --região onde está atrás do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas-- Lula pediu que seus eleitores elejam um grande número de deputados federais e senadores para ajudá-lo em Brasília caso volte a ocupar a Presidência.
O ex-presidente voltou a criticar o chamado "orçamento secreto" --um instrumento de destinação de recursos a partir das emendas de relator ao Orçamento da União, que ficou conhecido assim diante da dificuldade de se identificar os autores do repasse--, e disse que precisará dar um jeito no centrão, grupo político atualmente aliado a Bolsonaro, mas que também já foi próximo ao PT.
"Se a gente ganhar, a gente vai ter que dar um jeito no centrão, vai ter que mexer no orçamento secreto, vai ter que cumprir o piso da enfermagem, melhorar o piso dos professores", disse Lula no discurso.
O piso salarial da enfermagem foi aprovado pelo Congresso e sancionado por Bolsonaro, mas acabou sendo suspenso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em atendimento a pedido de entidades de saúde que alegaram risco de fecharem as portas por não poderem arcar com os custos da mudança.
Lula também voltou a questionar o fato de Bolsonaro ter viajado a Londres para participar do funeral de Estado da rainha Elizabeth, na segunda-feira, dizendo que o presidente, a quem chamou de "genocida", deveria ter ido a um enterro dos mais de 685.000 brasileiros mortos pelas Covid-19.
Lula fez o comício em Florianópolis depois de ter passado nos dois dias anteriores por Curitiba e Porto Alegre. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, Bolsonaro lidera entre os eleitores da Região Sul com 42% a 34% da preferência do eleitorado. No cenário nacional, Lula tem vantagem de 45% a 33% contra Bolsonaro.
(Por Pedro Fonseca)