(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou neste domingo o que chamou de “violação da integridade territorial da Ucrânia”, em discurso durante reunião do Grupo dos Sete (G7) em Hiroshima, no Japão, embora um encontro bilateral entre ele e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy não tenha ocorrido.
Zelenskiy minimizou o fato de não ter se encontrado com Lula nos bastidores do G7 neste domingo e disse que provavelmente foi por uma questão de agenda. Questionado se estava desapontado, ele disse a jornalistas que achou uma decepção para o líder brasileiro.
"Acho que isso o decepcionou", disse ele, sorrindo e arrancando risadas dos repórteres.
Ao discursar em encontro sobre “rumo a um mundo pacífico, estável e próspero”, que contou com a presença dos líderes das maiores democracias globais e teve a participação de Zelenskiy, Lula disse que o risco de um conflito nuclear está no maior nível desde a Guerra Fria e que os mecanismos multilaterais de prevenção e resolução de conflitos já não funcionam.
“Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia”. disse.
“Ao mesmo tempo, a cada dia em que os combates prosseguem, aumentam o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares”, acrescentou, defendendo abertura de espaço para negociações e diálogo.
No discurso, Lula voltou a defender uma reforma Conselho de Segurança da ONU, que, para ele, está mais paralisado do que nunca, com membros permanentes mantendo “longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão”.
“Reeditar a Guerra Fria seria uma insensatez. Dividir o mundo entre Leste e Oeste ou Norte e Sul seria tão anacrônico quanto inócuo. É preciso romper com a lógica de alianças excludentes e de falsos conflitos entre civilizações”, afirmou.
No Japão, Zelenskiy se reuniu com uma série de líderes mundiais à margem da cúpula do G7, em uma viagem vista como parte de um esforço para cortejar o "Sul Global", grupo de países de renda baixa e média, enquanto Kiev se defende da invasão em grande escala da Rússia.
No sábado, em meio a especulações de que Lula poderia não encontrar Zelenskiy, uma fonte presidencial francesa chegou a dizer que o presidente brasileiro tinha se comprometido a se reunir com o líder ucraniano.
Procurado, o Palácio do Planalto informou que um encontro entre Lula e Zelenskiy não chegou a entrar na agenda oficial do presidente.
(Bernardo Caram e Dan Peleschuk)