(Corrige 2º parágrafo para esclarecer que Francisco é jesuíta, e não franciscano)
Por Lisandra Paraguassu
SÃO PAULO (Reuters) -O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com frades franciscanos nesta terça-feira em meio à divulgação de notícias falsas contra sua religiosidade, e disse que sua fé e sua espiritualidade são algo que considera muito sagrado.
Em sua fala ao lado dos religiosos, Lula também elogiou o papa Francisco, que é jesuíta, por não ter medo de defender as pessoas e ter sempre a coragem de se posicionar, de acordo com o petista.
O adversário de Lula no segundo turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL), tem ido frequentemente em cultos religiosos e nesta terça-feira participou de duas reuniões com religiosos em São Paulo.
O encontro ocorreu após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinar a remoção em 24 horas de uma série de publicações feitas por familiares de Bolsonaro e outros perfis em redes sociais com informações falsas de que Lula, se eleito, iria perseguir cristãos e fechar igrejas.
A decisão liminar do ministro do TSE Paulo de Tarso Sanseverino determinou a suspensão das postagens com essas informações, sob pena de multa diária de 10 mil reais.
“GUERRA SATANISTA”
A campanha de Lula também pediu ao TSE que sejam removidos das redes vídeos compartilhados por bolsonaristas com fake news que relacionam Lula ao "satanismo".
No Facebook (NASDAQ:META), apenas dois vídeos que associam um suposto influencer do TikTok satanista a Lula acumularam quase 900 mil visualizações entre esta segunda e terça. Um deles foi publicado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente da República.
A campanha petista também fez um post nas redes sociais para desmentir as postagens. “Lula não tem pacto nem jamais conversou com o diabo”, diz um trecho do texto.
Do outro lado, Bolsonaro também foi alvo de fake news. Segundo dados da plataforma Crowdtangle, da Meta, dona do Facebook e do Instagram, somente nesta terça-feira, pelo menos 160 posts foram publicados em páginas e grupos públicos do Facebook com a alegação falsa de que Bolsonaro posou para fotos ao lado do símbolo de Baphomet, criatura associada ao satanismo, em uma reunião da maçonaria. Os posts acumulavam quase 6 mil interações entre curtidas, comentários e compartilhamentos.
A foto de Bolsonaro ao lado do ministro do Gabinete de Segurnça Institucional (GSI), Augusto Heleno, em um evento da maçonaria é de 2014, informou o presidente da Loja Maçônica Brasília nº 1882, associada ao Grande Oriente do Distrito Federal, à Reuters Fact Check Brasil. A imagem circula com uma adulteração em que o símbolo associado ao satanismo foi colocado ao fundo.
O deputado federal reeleito André Janones (Avante-MG), que desistiu da candidatura à Presidência e passou a apoiar Lula, com destaque para sua atuação nas redes sociais, prometeu uma "live explosiva" sobre Bolsonaro e a maçonaria. "É guerra", disse o político no Twitter.
(Reportagem adicional de Ricardo Brito, em Brasília, e Flávia Marreiro, Bernardo Barbosa e Débora Oliveira, em São PauloEdição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)