BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente e candidato ao Palácio do Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender, nesta quarta-feira, a regulamentação do trabalho por aplicativos, como Ifood e Uber (BVMF:U1BE34)(NYSE:UBER), e afirmou que os trabalhadores precisam ter alguma rede de seguridade social.
"O que estamos propondo é estabelecer uma regra como foi estabelecido na Espanha recentemente, que foi feita de comum acordo. Pessoas que trabalham com aplicativos praticamente não têm direitos. É preciso que a gente faça uma regulamentação", defendeu o ex-presidente em entrevista coletiva.
Lula disse ainda que, caso seja eleito, pretende incentivar micro e pequenos empreendedores que não queiram trabalho com carteira assinada, e também cooperativas, para o que prevê usar os bancos públicos para oferecer financiamentos.
O tema da regulamentação do trabalho por aplicativo é uma das medidas que o PT tem trabalhado ao tratar de mudanças na reforma trabalhista aprovada ainda no governo de Michel Temer. Lula tem batido na tecla de que o partido não quer uma volta às regras da CLT da década de 1940, mas diz que é preciso garantir direitos básicos aos trabalhadores, como férias, descanso semanal remunerado e uma garantia para o caso de acidentes ou doença.
O assunto foi um dos temas tratados por Lula na entrevista ao podcast Flow, na noite de terça-feira.
"Esse pessoal que trabalha com aplicativo, esses caras precisam ter uma regulação, ele tem que ter jornada de trabalho, eles têm que ter descanso semanal remunerado, ele tem que ter algum direito, porque inventaram que eles são empreendedores, mas eles não são empreendedores. Se o cara bater o carro e quebrar, ele está ferrado, se ele se ferir, ele está ferrado. Então a gente precisa fazer uma regulação em que a gente garanta às pessoas um mínimo de seguridade social", disse o petista no podcast.
A fala repercutiu nas redes sociais e atraiu críticas de opositores, que apontaram a possibilidade de fim dos aplicativos. Apoiadores de Lula, no entanto, rebaterem exaltando a defesa dos direitos dos trabalhadores.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)