Por Wesley Santos
MUÇUM, Rio Grande do Sul (Reuters) - Dominguez Fontana, morador de Muçum, município no Rio Grande do Sul, viu todo o fruto de anos de trabalho ser desfeito pela chuva depois que fortes temporais causados por um ciclone extratropical assolaram a região no início da semana, deixando sua casa e a serraria onde trabalhava em destroços.
Muçum é a cidade com o maior número de mortos pelo ciclone, seguida pelos municípios de Roca Sales e Lajeado, no Vale do Taquari. O morador de 74 anos conta que a tempestade se intensificou durante a noite, inundando casas e forçando sua retirada do local.
"A água estava lá em cima, já eram umas sete e meia da noite, antes de ontem, e quando chegou umas oito horas ou oito e meia, arrebentou tudo", disse Fontana à Reuters, mostrando o que sobrou de seus pertences, ainda enlameados, como fotografias de seu casamento e utensílios domésticos.
Caminhando entre os destroços, vestindo uma camiseta azul e botas cheias de lama, Fontana lamenta o prejuízo. "Não salvou nada, foi tudo embora", disse.
A tragédia, que deixou ao menos 36 mortos e milhares de desabrigados e desalojados no Estado, conforme informações mais recentes da Defesa Civil estadual, foi classificada pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como o maior desastre climático com vítimas já registrado no Estado.
Nesta quarta-feira, o governo estadual decretou estado de calamidade pública na região por conta dos alagamentos.
"Quando a água estava vindo assim eu escapei para a estrada, tem que escapar, se você fica aí morre, porque lá no sul morreu um monte de gente", relatou Fontana.
Além das vítimas no Rio Grande do Sul, uma pessoa morreu em Santa Catarina quando uma árvore caiu sobre o carro em que estava no município de Jupiá. As rajadas de vento no Estado passaram de 110km/h em decorrência do ciclone.