(Reuters) - Nikki Haley anunciou nesta quarta-feira o fim de sua candidatura para a Presidência dos Estados Unidos, uma decisão que garantirá que Donald Trump conquiste a indicação republicana e mais uma vez enfrente o presidente democrata Joe Biden nas eleições de novembro.
Haley fez o anúncio em um discurso em Charleston, na Carolina do Sul, um dia depois da Superterça, quando Trump a derrotou com amplas vantagens em 14 das 15 disputas das primárias republicanas.
"Chegou a hora de suspender minha campanha", disse Haley. "Não me arrependo de nada."
Ela disse que é provável que Trump seja o candidato republicano, mas não o endossou. "Cabe agora a Donald Trump ganhar os votos daqueles que estão no nosso partido e fora dele", disse ela. "E espero que ele faça isso."
Com base na sua experiência em política externa na ONU, Haley disse que é importante continuar a liderança global dos EUA. Ao longo da sua campanha, Haley disse que os EUA devem ajudar a Ucrânia a se defender contra a agressão russa, uma posição em desacordo com Trump.
"Se recuarmos ainda mais, haverá mais guerra, e não menos", disse ela.
Não há qualquer indicação de que Trump irá moderar sua mensagem.
No momento em que Haley anunciava sua desistência, Trump a criticou antes de convidar os seus apoiadores a juntarem-se a ele. "Nikki Haley foi DERROTADA ontem à noite, de forma recorde", escreveu Trump na plataforma de mídia social Truth.
Em contraste, Biden elogiou Haley por ousar "falar a verdade" sobre Trump e estendeu o seu próprio convite aos seus apoiadores.
"Donald Trump deixou claro que não quer os apoiadores de Nikki Haley. Quero ser claro: há um lugar para eles na minha campanha", afirmou Biden num comunicado.
Haley durou mais tempo do que qualquer outro desafiante de Trump, mas nunca representou uma ameaça séria para o ex-presidente, cujo controle sobre a base do partido continua firme, apesar de enfrentar várias acusações criminais.
A revanche entre Trump, de 77 anos, e Biden, de 81 anos - a primeira repetição de uma disputa presidencial nos EUA desde 1956 - é algo que poucos norte-americanos desejam. Pesquisas de opinião mostram que tanto Biden quanto Trump têm baixos índices de aprovação entre os eleitores.
A eleição promete provocar profundas divisões em um país já dilacerado pela polarização política. Biden tem apresentado Trump como um perigo existencial para os princípios democráticos, enquanto Trump tem procurado relançar suas falsas alegações de que venceu em 2020.
Haley, de 52 anos, atraiu o apoio de doadores com grandes recursos que pretendiam impedir que Trump ganhasse a terceira indicação presidencial republicana consecutiva, principalmente depois que ela teve uma série de desempenhos fortes em debates que Trump optou por não participar.
No final das contas, ela não conseguiu conquistar um número suficiente de eleitores conservadores diante do domínio de Trump.
Mas seu desempenho mais forte entre os republicanos moderados e independentes destacou como o estilo de política de terra arrasada de Trump pode torná-lo vulnerável na eleição de 5 de novembro contra Biden.
(Reportagem de Jyoti Narayan e Shubham Kalia em Bengaluru)