Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Três mandados de prisão e 27 de busca e apreensão estão sendo cumpridos nessa quarta-feira pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal em mais uma ação contra a exploração de ouro em garimpos ilegais em Roraima.
O objetivo da operação Sisaque é desarticular uma grande organização criminosa de contrabando de ouro extraído de garimpos ilegais da região Amazônica e vendido na Ásia, Europa e Oriente Médio.
Os mandados estão sendo cumpridos em Belém, Santarém (PA), Itaituba (PA), Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Manaus, São Paulo, Tatuí (SP), Campinas (SP), Sinop (MT) e Boa Vista.
A operação pretende ampliar o volume de provas para desmontar o esquema criminoso e combater o garimpo clandestino, especialmente na região de Itaituba.
A Justiça determinou o sequestro de bens da quadrilha no valor de 2 bilhões de reais.
As investigações começaram em 2021, com base em informações da Receita apontando a existência de uma organização criminosa que atuava "esquentando" o ouro extraído de forma irregular. Empresas emitiam notas fiscais para vender o ouro que era comprado por outras duas empresas que lideravam a quadrilha.
Segundo as investigações, foram emitidas notas no valor de mais de 4 bilhões de reais, equivalente a 13 toneladas de ouro.
"A investigação demonstrou que esse ouro extraído da Amazônia Legal era exportado principalmente por meio de uma empresa sediada nos Estados Unidos. Ela seria responsável pela comercialização em países como Itália, Suíça, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos, de forma clandestina, mas com aparente legalidade. Uma das formas de fazer isso era criando estoques fictícios de ouro, de modo a acobertar uma quantidade enorme do minério sem comprovação de origem lícita", informou a PF.
A operação mobiliza mais de 100 pessoas entre policiais federais, auditores fiscais e analistas da receita federal.
Os suspeitos são investigados por crimes como adquirir e/ou comercializar ouro obtido a partir de usurpação de bens da União, sem autorização legal e em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo; pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida; lavagem de capitais; e organização criminosa.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou uma força-tarefa para combater atividades irregulares em terras indígenas em Roraima e para dar assistência e suporte a essas comunidades que, segundo a atual gestão, ficaram relegadas no governo Bolsonaro.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)