Por Hanna Rantala
VENEZA (Reuters) - O diretor chileno Pablo Larraín, conhecido por suas retratações dramáticas de Jackie Kennedy e da princesa britânica Diana em "Jackie" e "Spencer", escolheu o general Augusto Pinochet como tema de seu novo filme, "El Conde".
O filme, que está sendo exibido em competição no Festival de Cinema de Veneza, retrata Pinochet como um vampiro de 250 anos cuja família se reúne em seu esconderijo remoto enquanto ele decide que seu tempo na Terra chegou ao fim.
Enquanto o Chile se prepara para o 50º aniversário do golpe de 1973, que levou Pinochet ao poder, Larraín disse que era hora de mostrá-lo na tela.
"Pinochet nunca foi filmado antes, nunca foi retratado, seja no cinema ou na televisão", disse Larrain em entrevista coletiva em Veneza antes da estreia do filme da Netflix (NASDAQ:NFLX).
O cineasta, que coescreveu o roteiro do filme, optou por contar a história do ditador como uma macabra sátira em preto e branco.
"Provavelmente é a única maneira. Acho que se você evitar a sátira, isso pode facilmente levá-lo a alguma forma de empatia (para com Pinochet), e isso não é aceitável", disse Larraín.
Durante os 17 anos da ditadura sangrenta de Pinochet, 1.469 pessoas desapareceram de maneira forçada, e outras milhares foram torturadas como prisioneiros políticos, segundo o Ministério da Justiça chileno, com base na investigação realizada por diversas comissões.
Pinochet, que morreu em dezembro de 2006 aos 91 anos, nunca foi condenado pelos crimes.
"Há um ressurgimento da extrema-direita no Chile e acho que este filme é necessário porque mostra quem foi Pinochet e as coisas que ele fez, os horrores que cometeu", disse a atriz chilena Paula Luchsinger, de 28 anos, que interpreta uma jovem freira em "El Conde".
"E acho que isso é necessário para que isso nunca mais aconteça."