Por Ricardo Brito e Rodrigo Viga Gaier
BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Partido Liberal trabalha para trazer para a legenda o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, atualmente no Republicanos, como forma de ampliar a presença no principal Estado brasileiro mirando as eleições municipais no próximo ano e gerais em 2026, segundo fontes ouvidas pela Reuters nos últimos dias.
A avaliação na cúpula do PL é que Tarcísio -- eleito na esteira da força do ex-presidente Jair Bolsonaro em São Paulo na disputa passada -- seria uma das peças para consolidar a presença do partido no Estado, conforme a fonte.
O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, que já fez o convite ao governador, considera-o como um nome importante para 2026, seja para a reeleição ao governo ou até mesmo em um eventual plano presidencial -- num cenário sem o presidente de honra do PL Jair Bolsonaro, na mira de processos de inegibilidade.
Além dessa frente, a legenda deseja aumentar a sua participação no interior paulista. A cúpula calcula que, após a derrocada do PSDB, principal força política no Estado, haveria cerca de 200 das 645 prefeituras passíveis de serem filiadas à legenda.
O PL terá como um dos chamarizes a previsão de ter 1 bilhão de reais em recursos do fundo partidário e fundo eleitoral para a disputa do próximo ano. Esse elevado valor decorre do fato de, na disputa de 2022, o partido ter eleito a maior bancada de deputados federais, parâmetro usado para o rateio desse tipo de verba.
Um dos expoentes da bancada evangélica, o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) disse que a filiação de Tarcísio seria ótimo para as pretensões do partido.
"É o nosso sonho! Tarcísio tem o DNA do PL! Seria muito bem-vindo", afirmou.
EVITAR "EFEITO DORIA"
Contudo, uma fonte próxima a Tarcísio disse à Reuters que, no momento, o governador não cogita mudar de legenda e se isso ocorrer, será mais para frente, apesar de confirmar que ele tem tido encontros com diferentes líderes partidários.
O governador também tem dito a interlocutores que a chance de concorrer ao Palácio do Planalto em 2026 é próxima de zero, conforme a fonte. Ele tem avaliado que está muito cedo e que o projeto dele para São Paulo é de oito anos e se preocupa em não repetir o modelo João Doria -- tucano que ficou quatro anos no Palácio dos Bandeirantes e tentou concorrer à Presidência.
No mercado financeiro, Tarcísio lidera com folga as menções como principal líder da oposição ao governo Lula, de acordo com pesquisa qualitativa da Genial/Quaest feita com gestores e divulgada nesta quarta-feira. O governador de São Paulo é citado por 48% deles como principal oposicionista, contra 34% que citam Bolsonaro e 7% que citam o governador de Minas Romeu Zema (Novo).
O governador paulista tem afirmado a interlocutores e publicamente que haveria outros nomes na frente para tentar a sucessão ao Planalto, inclusive em termos de experiência política, como Zema e os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), do Paraná, Ratinho Junior (PSD), e do Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).
Tarcísio, que foi levado à disputa eleitoral após uma bem avaliada gestão à frente do Ministério da Infraestrutura de Bolsonaro, jamais concorreria contra o ex-presidente, conforme a fonte. A hipótese de disputar o Palácio do Planalto só ocorreria se, em caso de Bolsonaro fora da disputa, houvesse um pedido direto do ex-presidente para que ele concorresse. Foi assim que ele aceitou disputar o governo paulista.
"Fora isso, fora de cogitação", disse a fonte ligada a Tarcísio, taxativo.