Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu nesta quarta-feira, após reunião do integrantes do PSB, que os partidos com participação no governo têm a responsabilidade de dar sustentação política a ele no Congresso Nacional.
A petista também admitiu que a legenda que preside cometeu uma "falha" ao não se agrupar com outras siglas do campo progressista na Câmara dos Deputados. Caso tivessem se aglomerado em um bloco, avaliou, não ocorreria uma derrota como a da semana passada, quando deputados -- incluindo de partidos que participam do governo -- aprovaram um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que sustou decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva alterando o Marco Legal do Saneamento.
"Obviamente, quem está no governo tem que estar com o governo", disse Gleisi a jornalistas após reunião de articulação política com o PSB e o ministro da Relações Institucionais, Alexandre Padilha, entre outros.
A equipe de articulação política do governo iniciou uma série de reuniões com partidos aliados para entender a motivação dos votos contrários na última semana e consolidar sua base.
Partido do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, o PSB inaugurou a rodada de conversas. As bancadas do PSD, MDB e União Brasil também terão suas reuniões, que, por orientação de Lula, devem se tornar uma "rotina permanente".
Para Gleisi, PT e PSB estão "umbilicalmente ligados", e, por serem as siglas do presidente e do vice-presidente da República, têm a "responsabilidade direta" de dar sustentação ao governo.
"O compromisso do PSB está estampado na participação deles no governo, no vice-presidente da República, na composição dessa aliança", afirmou a presidente do PT.
Segundo ela, não deveria haver o problema ocorrido na votação do PDL, em que integrantes do PSB ficaram em dúvida entre seguir a orientação do partido ou a do bloco que compõem com outras legendas.
O super bloco com mais de 170 parlamentares do qual o PSB participa é composto por PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), PDT, União Brasil, federação PSDB-Cidadania, Avante, Patriota e Solidariedade. O grupo é liderado pelo deputado Felipe Carreras (PSB-PE).
"O líder falou, por conta do bloco que ele está compondo, que é o bloco que têm partidos que estavam contra -- que não são partidos necessariamente da base, às vezes votam com o governo, às vezes não votam --, e que isso foi encaminhado dentro do bloco", explicou Gleisi quando questionada sobre o motivo de parlamentares do PSB não terem votado alinhados com o governo no caso do PDL.
"Uma coisa que, claro, eu coloco é que a gente lá atrás deveria ter feito um bloco com esses partidos progressistas. Aí teve também falha nossa no sentido de buscar essa conversação", admitiu a presidente do PT.
"Era realmente para evitar esse tipo de coisa que aconteceu, você ter que fazer opção pelo bloco ou pelo governo. Mas eu acho que hoje ficou claro aqui que somos todos governo e temos que estar dando sustentação", afirmou, sem descartar a possibilidade de formação de um bloco e acrescentando que a ideia no passado não tinha a intenção de contrariar o presidente da Casa.