(Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que a relação do Executivo com o Congresso "vive possivelmente o melhor momento nas últimas décadas", e que se o país souber "cuidar com carinho" desse momento pode viver a "década do Brasil".
"O país vai voltar à normalidade. A relação com o Congresso Nacional vive possivelmente o melhor momento nas últimas décadas", disse Lula em discurso durante cerimônia de sanção da nova versão do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.
"As pessoas se assustaram: 'Como a Câmara aprovou a política tributária, como aprovou o Carf?' Aprovou porque é para o Brasil, não é para nós, não é para o PT, não é para o Lula. Aprovou porque as pessoas estão percebendo o momento histórico que o Brasil está vivendo. Se a gente souber cuidar com carinho do momento político, essa será a década do Brasil."
O governo viu nas últimas semanas a Câmara dos Deputados aprovar duas pautas prioritárias, a reforma tributária, que vem sendo discutida há décadas, e a volta do voto de qualidade a favor da União no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
As aprovações das duas matérias, que ainda precisam ser analisadas pelo Senado -- o que só acontecerá em agosto, após o recesso parlamentar -- aconteceram em um momento em que o governo ampliou a liberação de emendas parlamentares ao Orçamento e que Lula abriu mais espaço para o União Brasil no governo.
Além disso, o presidente discute acomodar aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no alto escalão do governo, inclusive no comando de ministérios e da Caixa Econômica Federal, com o objetivo de garantir maior governabilidade no Congresso a partir de agosto.
Em seu discurso, Lula também aproveitou para, mais uma vez, criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o atual patamar da taxa básica de juros, em 13,75%.
"O presidente do Banco Central só tem que entender que ele não é dono do Brasil, ele está exercendo um cargo e foi indicado pelo Senado", disse Lula.
"E ninguém está pedindo nenhum absurdo, estamos pedindo: os juros precisam ser menores para facilitar que os empresários possam tomar crédito, para facilitar que a economia volte a crescer, para facilitar que pequeno e médio empreendedor possa financiar seu negócio. É só isso. O que estamos querendo demais? Nada."
(Por Eduardo Simões e Fernando Cardoso, em São PauloEdição de Pedro Fonseca)