Por Jessica Bahia Melo
Investing.com – A Hapvida (BVMF:HAPV3) enfrenta forte volatilidade em meio a resultados complicados, questionamentos sobre a solvência e medidas de resgate do grupo controlador. As ações fecharam o pregão desta semana em forte alta após anúncios para levantar capital, mas ainda estão entre as maiores baixas do mês. Nesta sexta-feira, 31, as ações recuaram 6,07%, a R$6,63. Em 31 de março do ano passado, elas valiam quase o dobro: R$ 11,84.
O Grupo Hapvida Notre Dame Intermédica é, hoje, a maior operadora de saúde do Brasil, com mais 15 milhões de beneficiários de saúde e odontologia. Após resultados do quarto trimestre pressionados, a família controladora veio a resgate. A Hapvida anunciou duas transações com potencial de levantar mais de R$2 bilhões, incluindo a venda de alguns hospitais do grupo já realizada para a Família Pinheiro (LPAR), que controla o grupo, no valor de R$ 1,25 bilhão, e uma possível oferta primária de ações (follow-on). A Família Pinheiro se comprometeu a exercer seu direito de preferência subscrevendo ações a serem emitidas no valor de R$ 360 milhões, caso a transação de follow-on realmente ocorra.
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Bull case, tese de alta
As operações anunciadas foram vistas de forma positiva pelos analistas, tendo em vista a melhora no caixa. “Quando a empresa vende os hospitais, é possível captar dinheiro sem obrigar a empresa a realizar um aumento de capital, diluindo o acionista minoritário, isso é um ponto positivo”, aponta Luis Assis, analista da Genial Investimentos.
Com o tamanho do market share da companhia, haveria espaço para aumentar os preços dos planos de saúde, mesmo com uma certa redução dos clientes, visando elevar as margens. Fernando Ferrer, analista da Empiricus, concorda que os tíquetes poderiam aumentar, assim como o crescimento orgânico. O modelo de negócios verticalizado também é elogiado. “Hapvida e GNDI têm o pronto atendimento, laboratórios de exames, hospital, tudo interno. Com isso, consegue controlar melhor os custos e as fraudes”.
Bear case, tese de baixa
A sinistralidade elevada é ponto de atenção não somente para a Hapvida, mas para as empresas do setor de saúde como um todo. Com a piora nas margens, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, aponta que o mercado ainda vê com certa cautela os últimos movimentos de fusões/aquisições da empresa, que poderia ter “dado um passo maior do que a perna”. A Hapvida estaria vivendo dois momentos ruins, com sinistralidade mais alta e questionamentos sobre M&As.
Fernando Ferrer, analista da Empiricus, avalia que sinergias no setor de saúde – e empresas tão robustas – são um desafio, diante de culturas, sistemas e processos diferentes. “No segmento de saúde, não é possível mudar o sistema do hospital de uma hora para outra, é preciso ser muito cauteloso”.
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