VARSÓVIA (Reuters) - Um tribunal de apelações determinou nesta segunda-feira que dois historiadores acusados de macular a reputação de um morador de um vilarejo polonês em um livro sobre o Holocausto não precisam se desculpar, revertendo um veredicto de uma instância inferior que provocou temores sobre a liberdade da pesquisa acadêmica.
Em fevereiro, uma corte de Varsóvia arbitrou que Barbara Engelking e Jan Grabowski, editores de um livro sobre o Holocausto na Polônia, deveriam pedir desculpas por dizer que Edward Malinowski entregou judeus aos nazistas alemães.
À época, alguns acadêmicos disseram que o parecer poderia coibir pesquisas imparciais sobre as ações dos poloneses durante a Segunda Guerra Mundial.
Grabowski disse à Reuters que o veredicto desta segunda-feira foi "uma coisa imensa, não somente para mim e meus colegas, mas para toda a declaração de humanidades aqui".
Os nacionalistas que governam a Polônia dizem que estudos que mostram a cumplicidade de alguns poloneses na matança de judeus cometida pela Alemanha nazista são uma tentativa de desonrar um país que sofreu imensamente durante a guerra.
O processo foi iniciado pela sobrinha de Malinowski, Filomena Leszczynska, e financiado pela Liga Polonesa contra a Difamação, que se opõe a alegações de envolvimento polonês no assassinato de judeus.
Uma quantidade considerável de pesquisas sugere que, embora milhares de poloneses tenham arriscado a vida para ajudar judeus, milhares também participaram do Holocausto – conclusões que muitos poloneses não aceitam.
(Por Anna Wlodarczak-Semczuk e Alan Charlish)