Investing.com – Analistas do banco HSBC rebaixaram a recomendação de exposição ao mercado brasileiro de neutra para underweight, abaixo do peso, equivalente à venda, alertando que esta seria uma value trap clássica, de acordo com relatório divulgado a clientes.
“O mercado já teve um desempenho significativamente inferior e, embora os valuations pareçam baratos (6,6x o P/E a 12 meses), não vemos muitas razões para que isso mude”, disseram Alastair Pinder, Nicole Inui e Herald van der Linde.
O mercado de ações brasileiro esteve entre os piores desempenho no ano passado, em meio à desilusão em torno dos cortes nas despesas do governo, levando a um ambiente de juros mais elevados, real desvalorizado e crescimento mais lento.
“Os valuations estão baratos, mas não se deixem enganar: estão baratos por uma razão. Não esperamos que o mercado volte a valorizar até ao segundo semestre de 2025, o mais cedo possível”, alerta o HSBC, citando juros reais acima de 7% como um dos motivos para tal.
Como se posicionar neste cenário?
O HSBC indica posicionamento em ações defensivas e em histórias seculares, como digitalização/fintechs e expansão do mercado agrícola brasileiro.
Com uma boa seleção de ações levando a resultados melhores do que o índice local, fundos de mercados emergentes priorizaram setores de consumo discricionário e financeiro no Brasil no ano passado, sendo o MercadoLibre (NASDAQ:MELI) (BVMF:MELI34), o Itau (BVMF:ITUB4) e o Banorte as posições mais concorridas.
“Acreditamos que os serviços públicos, os produtos básicos e os bancos devem permanecer relativamente mais resistentes. Em contrapartida, os setores cíclicos sensíveis às taxas deverão continuar a ter um desempenho inferior, uma vez que as taxas locais mais elevadas exercem uma pressão adicional sobre as avaliações e os fluxos de fundos”, orientam os analistas do banco.
Estratégias para mercados emergentes
No relatório sobre mercados emergentes, o banco elevou a recomendação para Arábia Saudita de neutra para overweight, equivalente à compra, considerando que uma história de crescimento estrutural deve beneficiar o país, com desempenho acima da média em um ambiente de dólar mais forte.
“Nós vemos uma oportunidade para que as ações sauditas tenham um desempenho superior em 2025, após um desempenho inferior em 14% em 2024", argumentam os analistas.
Assim, nos mercados emergentes, o banco também considera que há valor e possui indicação overweight em Indonésia, África do Sul e China – esta como referência.