WASHINGTON (Reuters) - A eleição de Donald Trump já pode estar pressionando as taxas de juros e apertando os mercados financeiros, algo que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, terá de monitorar enquanto decide o ritmo de aperto da política monetária, disse nesta terça-feria o diretor do Fed Daniel Tarullo.
O Fed não vai necessariamente precisar mudar a marcha apenas pela antecipação de que uma administração Trump irá levar a grandes gastos em programas de infraestrutura que aumentam déficits e possivelmente a inflação, disse ele.
No entanto, Tarullo disse que o recente aumento de salários, a evidência de altas de preços mais rápidas e outros dados produziram "uma situação diferente" para o Fed da que existia alguns meses atrás e levaram o foco das discussões para o ritmo adequado da alta de juros. Uma política fiscal radicalmente diferente levaria a mais reavaliações, disse Tarullo.
"Nós não queremos puxar os freios mais forte do que precisamos", disse Tarullo. Mas "política fiscal é uma das importantes considerações de pano de fundo... Dê tempo à administração para propor seu programa e ao Congresso para decidir."
Trump destacou planos para investimento de um trilhão de dólares em infraestrutura, liderado por financiamentos do setor privado, embora detalhes não tenham sido apresentados. Muito estímulo fiscal poderia elevar a inflação fortemente, pressionando o Fed a acelerar o ritmo de alta de juros.
A chair do Fed, Janet Yellen, falará a um comitê do Congresso na quinta-feira para discutir a economia em uma audiência que pode dar uma pista sobre quão forte e rapidamente os republicanos podem tentar rever os poderes do Fed.
Parlamentares republicanos querem impor supervisão mais dura ao banco central e agora têm potencialmente uma receptividade amigável na Casa Branca para impor uma legislação à qual um presidente democrata provavelmente faria oposição. Essas medidas incluem propostas para fazer o Fed seguir uma regra mecânica de política, com a necessidade de explicar ao Congresso se escolher se desviar dela.
Os atuais membros do Fed veem tais ideias como uma ameaça à independência que eles acreditam ser importante para manter a gestão da política monetária distante da política.
(Por Howard Schneider e Patrick Rucker)