Investing.com – Investidores que buscam aumentar a diversificação do portfólio têm procurado novas alternativas para otimizar os ganhos, entre eles os Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais, também conhecidos como "Fiagros". Como é uma modalidade de investimento regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apenas em 2021, esse produto chama atenção devido a resultados positivos em um cenário de juros altos. Levantamento de Fiagros elaborado pela Quantum Finance mostra que a maior valorização foi do Valora CRA Fiagro, que teve alta de 31,60% em 2022.
Veja os maiores rendimentos dos Fiagros no ano passado:
Panorama do setor
Na visão do diretor de agronegócios do grupo Suno, também ex-secretário de agricultura do Espírito Santo, Octaciano Neto, em menos de uma década, o patrimônio líquido desses fundos deve atingir R$200 bilhões. A expectativa é chegar ao final de 2023 com patrimônio líquido captado superior ao registrado no ano passado. “Muito mais fácil navegar com o vento batendo nas costas do que de frente”, compara.
O patrimônio líquido dos Fiagros terminou janeiro com R$ 10,4 bilhões, acima dos R$ 10,3 bilhões em dezembro do ano passado. Já o número de contas que investem nesses fundos era de 181 mil ao fim de 2022. No término de janeiro, subiu para 194 mil contas, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).
A representatividade do setor do agronegócio é uma das principais avenidas de crescimento, acredita Neto. “O crescimento do Fiagro está contratado. Do lado do tomador, existe uma escassez de crédito agrícola no Brasil”, aponta. O Plano Safra não disponibilizaria recursos o suficiente para o agronegócio, o que impulsiona produtos desse tipo. “A demanda é gigante e deve ser cada vez maior por tudo que o agro representa, além do aumento das demanda de alimentos no mundo”.
Do lado do investidor, historicamente havia poucas opções de investimento no agronegócio, completa Neto. Com algumas empresas e bancos emitindo Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), o investidor diversificava pouco nesse segmento. Os Fiagros têm sido essa conexão entre o tomador e o investidor.
Fiagros começam ano com emissões em alta e captações em queda
Os Fiagros começaram o ano de 2023 com altas nas emissões. Somente as três ofertas públicas realizadas em janeiro levantam um montante de R$1,1 bilhão, o segundo maior volume mensal desde que esse produto foi lançado, no ano de 2021, conforme informações da Anbima.
Do total, 90,79% foram direcionados às pessoas físicas, 8,12% foram comprados por outros fundos de investimento e o restante ficou dividido entre investidores institucionais e intermediários ligados às ofertas.
Por outro lado, a captação líquida desses fundos registrou mais resgates do que aportes no mês de janeiro em R$20,3 milhões, contra resultado foi positivo em R$ 679,7 milhões em dezembro de 2022.
Segundo a Anbima, o recuo mais forte foi entre os Fiagros que aplicam em imóveis do agronegócio e são voltados aos investidores de varejo.
“Acredito que seja pela mudança de governo. O filme é bom, pode ser que a turbulência tenha atrapalhado, deve seja conjuntural. Acho que quando chegarmos no final do ano, vamos nos impressionar com o resultado que tivemos”, conclui Neto.
Critérios do estudo da Quantum
O Valora CRA Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais Imobiliário (BVMF:VGIA11) foi o Fiagro com melhor desempenho nos últimos sete meses, segundo levantamento da Quantum Finance. O estudo considera apena os Fiagros de FII com pelo menos uma negociação diária na bolsa entre o início de junho de 2022 e o fim de janeiro de 2023.
Além disso, a Quantum analisou somente fundos com funcionamento normal na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e com dados para medir a evolução do retorno acumulado nos últimos sete meses e retorno no ano de 2022. Ainda, somente fundos com retorno acumulado positivo em todos os meses e retorno anual positivo foram considerados.
Veja os maiores rendimentos em sete meses finalizados em janeiro: