Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os desembolsos de recursos do BNDES no primeiro semestre caíram 17 por cento sobre o mesmo período do ano passado, para 33,483 bilhões de reais, e o banco de fomento afirmou nesta terça-feira que os sinais de recuperação da economia só devem se refletir nos empréstimos no final deste ano ou no início de 2018.
A queda nos desembolsos no primeiro semestre foi um reflexo da baixa demanda por crédito para investimentos nos últimos dois anos, mantendo a desaceleração dos desembolsos iniciada no ano passado, afirmaram a jornalistas representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
A situação chegou ao "fundo do poço", mas há sinais de recuperação que permitem afirmar que o "pior já passou", de acordo com o superintendente da área de planejamento e pesquisa do BNDES, Fabio Giambiagi.
"Como houve uma forte retração da formação bruta de capital fixo, pelo que apontam as contas nacionais, em 2015 e 2016, isso fatalmente acabaria repercutindo nos indicadores de desembolsos do BNDES", afirmou Giambiagi na sede do banco, no Rio de Janeiro.
"Estamos vivenciando alguns sinais, ainda tênues, de recuperação no sentido de que na ponta estamos vendo indicadores que nos meses recentes apontam para números maiores do que nos mesmos meses do ano passado, entretanto, essa dinâmica vai demorar ainda algum tempo para se refletir nos números de desembolsos, que este ano ainda deverão ser inferiores aos do ano passado."
Depois de ter desembolsado 88 bilhões de reais em 2016, a estimativa do BNDES para 2017 é de desembolsar 10 bilhões de reais a menos, segundo o superintendente, apesar da economia brasileira ter iniciado este ano uma recuperação com alta de 1,0 por cento do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre, saindo de dois anos seguidos de recessão.
Entre os setores, a agropecuária foi o único a registrar alta nos desembolsos no semestre em comparação com o ano passado, registrando aumento de 3 por cento para 6,9 bilhões de reais, enquanto a indústria sofreu a queda mais acentuada, com tombo de 42 por cento.
Apesar da queda de 6 por cento nos desembolsos para a infraestrutura de janeiro a junho, a área de energia elétrica contrariou a tendência do setor e registrou alta de 42 por cento.
Em junho, os desembolsos somaram 5,765 bilhões de reais, enquanto as consultas de interessados em financiamentos do banco entre janeiro e junho tiveram queda de 15 por cento, para 48,151 bilhões de reais, na comparação anual.