Por Parisa Hafezi e Louis Charbonneau e John Irish e Arshad Mohammed
VIENA (Reuters) - O Irã e seis potências mundiais chegaram a um acordo nuclear nesta terça-feira, coroando mais de uma década de negociações com um compromisso que poderá transformar o Oriente Médio.
O acordo não encerra a controvérsia sobre uma das questões diplomáticas mais críticas no momento: a União Europeia o definiu como um "sinal de esperança para o mundo inteiro", enquanto o governo de Israel o chamou de "rendição histórica".
Sob o acordo, as sanções impostas ao Irã pelos Estados Unidos, União Europeia e Organização das Nações Unidas serão removidas em troca de o governo iraniano concordar com restrições de longo prazo a um programa nuclear que países ocidentais suspeitavam ser uma fachada para a criação de uma bomba nuclear.
O acordo é uma grande vitória política tanto para o presidente dos EUA, Barack Obama, como para o presidente do Irã, Hassan Rouhani, um político pragmático eleito há dois anos com a promessa de reduzir o isolamento diplomático do país de 77 milhões de habitantes.
Mas ambos os líderes enfrentam o ceticismo interno de poderosos grupos linha-dura, depois de décadas de inimizade entre EUA e Irã, nações que se referiam uma a outra como "o Grande Satã" e membro do "Eixo do Mal".
Rouhani foi rápido ao apresentar o acordo como um passo no caminho para um objetivo mais amplo de cooperação internacional. O acordo "mostra que o engajamento construtivo funciona", ele tuitou. "Com essa crise desnecessária resolvida, novos horizontes surgem com foco em desafios comuns".
Para Obama, a diplomacia com o Irã, iniciada em segredo mais de dois anos atrás, se posiciona ao lado da normalização das relações com Cuba como marcos do seu governo, por buscar uma aproximação com os inimigos que atormentaram os seus antecessores por décadas.
Embora as principais negociações fossem entre os EUA e o Irã, os outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – a Grã-Bretanha, China, França e Rússia – também são partes no acordo, como também a Alemanha.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu classificou o pacto como "um grande erro de proporções históricas".
"O Irã vai receber um prêmio acumulado de loteria, uma bonança de centenas de bilhões de dólares em dinheiro, o que lhe permitirá continuar a exercer a sua agressão e terror na região e no mundo", disse ele. "O Irã vai receber um caminho seguro para armas nucleares."
A rodada final de negociações em Viena envolveu quase três semanas de intensa negociação entre o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif.
Era algo até recentemente impensável para dois países que têm sido amargos inimigos desde 1979, quando revolucionários iranianos invadiram a embaixada dos EUA em Teerã e mantiveram 52 norte-americanos reféns por 444 dias.
(Reportagem adicional de Shadia Nasralla e Bozorgmehr Sharafedin Nouri)