SÃO PAULO (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, criticou nesta quinta-feira declarações dadas pelo general da reserva do Exército, Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), contra o décimo terceiro salário, que ele classificou de "jabuticaba".
Em palestra a empresários em Uruguaiana (RS) na quarta-feira, Mourão também disse que alguns itens da legislação trabalhista são "uma mochila nas costas" dos empresários.
Nesta quinta-feira, em evento de campanha em São Paulo, Alckmin atacou a fala do vice de Bolsonaro.
"Não é possível achar que o trabalhador que a trabalhadora, que sua a camisa, que trabalha, que muitas vezes é até explorado, não tenha direito nem a ter um décimo terceiro salário, isso não é razoável", disse o tucano, após participar de uma feira com entidades religiosas na capital paulista.
Mais tarde, durante caminhada em Belo Horizonte, Alckmin voltou a criticar a fala de Mourão e lembrou da polêmica proposta atribuída ao coordenador econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, de criar um imposto nos moldes da CPMF e de instituir uma alíquota única de Imposto de Renda.
“Olha, é inadmissível isso, né? Cada bala disparada do revólver, da maldade do Bolsonaro, atinge a população. Uma hora é a classe média, aumentando o imposto e diminuindo para rico. Outra hora é a CPMF. Agora querer tirar o direito das trabalhadoras e dos trabalhadores. Nós somos contra os dois. Nem o PT, nem o Bolsonaro, e vamos continuar com coerência até o fim”, disse o tucano.
A fala de Mourão também será explorada pela campanha de Alckmin na TV. Uma inserção lembra das propostas tributárias de Guedes, cita a declaração de Mourão sobre o 13º salário e menciona pesquisas de intenção de voto que indicam derrota de Bolsonaro para o petista Fernando Haddad no segundo turno, ao mesmo tempo que sinalizam que Alckmin venceria o candidato do PT.
"É por essas e outras que Bolsonaro tem a maior rejeição e perde para o PT", afirma a inserção. "Para você não ficar sem décimo terceiro e nem dar PT, vote Geraldo, 45."
RUMO MANTIDO
Após o evento em São Paulo, Alckmin negou que vá mudar sua estratégia na reta final da campanha para chegar ao segundo turno e minimizou algumas vaias e gritos de "Bolsonaro" que ouviu durante sua passagem pelo evento.
"A nossa estratégia não é feita em razão de pesquisa, ela é feita em razão de coerência, naquilo que a gente acredita. Política precisa ter mais valores, mais princípios. Aliás, o que eu vi aqui foi uma plateia bem dividida, é que você tem aí um pessoal mais ruidoso. Se fizer uma pesquisa aí não vai dar grande diferença não", afirmou.
O tucano está numericamente na quarta posição nas pesquisas de intenção de voto, distante de Bolsonaro, que lidera, e de Haddad, que ocupa a vice-liderança.
Alckmin repetiu o discurso de que é necessário evitar a volta do PT ao poder, assim como uma vitória de Bolsonaro na eleição de outubro.
(Por Eduardo Simões)