Por Steve Scherer e Gavin Jones
ROMA (Reuters) - O novo primeiro-ministro da Itália prometeu nesta terça-feira levar uma mudança radical ao país, incluindo políticas de bem-estar social mais generosas e uma repressão à imigração, com a aprovação dos dois chefes partidários que sustentam seu governo anti-establishment.
O primeiro-ministro Giuseppe Conte falou ao Senado, flanqueado pelos líderes de dois partidos anteriormente marginalizados que superaram grupos tradicionais em uma eleição em março para formar uma coalizão com o pouco conhecido especialista jusrídico Conte como seu chefe.
“A verdade é que nós criamos uma mudança radical e nós estamos orgulhosos disto”, disse Conte em seu discurso de estreia no Parlamento, feito no Senado, antes de vencer uma moção de confiança para seu programa político.
O governo apoiado pelo Movimento 5 Estrelas, fundado há nove anos como um grupo de protesto de raiz, e pela Liga, da direita, venceu a votação por 171 votos a 117 no Senado de 320 assentos.
A coalizão possui uma maioria na Câmara, que deve votar na quarta-feira, e será então totalmente empoderada.
Conte, de 53 anos, falava enquanto o líder do 5 Estrelas, Luigi di Maio, e o chefe da Liga, Matteo Salvini, estavam sentados ao seu lado, balançando a cabeça em aprovação conforme o professor de Direito destacava todos os principais elementos de uma agenda política que líderes partidários haviam finalizado dias antes.
Di Maio é ministro do Trabalho e da Indústria no governo de Conte e Salvini é ministro do Interior. A presença deles levantou dúvidas sobre se Conte, um novato político, pode colocar sua própria marca na agenda do governo.
Em seu discurso de 72 minutos, Conte disse que prioridades irão incluir atacar dificuldades sociais através da introdução de uma renda universal – uma promessa eleitoral do 5 Estrelas – e conter um fluxo de imigrantes ilegais, uma política principal da Liga.
SEM DEIXAR O EURO
Durante o discurso, Conte não fez menção ao comprometimento da Itália em permanecer na zona do euro, uma questão que tem perturbado mercados financeiros, mas abordou o assunto de frente em seus comentários finais no encerramento de um debate parlamentar.
“Nós temos que reiterar isto – deixar o euro nunca foi considerado e não está sendo considerado”, disse.
A escolha original da coalizão governista para ministro da Economia, o economista eurocético Paolo Savona, foi vetado pelo presidente da Itália por conta de suas opiniões críticas sobre o euro. Ele foi substituído por uma figura mais reconfortante para mercados financeiros.
“As forças políticas que compõem este governo foram acusadas de serem populistas e antissistema”, disse Conte.
“Se populismo significa que a classe governista ouça as necessidades do povo... (e) se antissistema significa mirar a introdução de um novo sistema, que remove antigos privilégios e poder incrustrado, então estas forças políticas merecem esses epítetos”.
Conte não é filiado a nenhum partido, embora seja próximo do 5 Estrelas, que o apresentou como um possível ministro antes da eleição de 4 de março. Di Maio e Salvini vetaram um ao outro como primeiro-ministro e o escolheram como uma figura de compromisso.
Tocando uma das questões mais sensíveis aos mercados, Conte disse que as regras fiscais da zona do euro deveriam ter objetivo de “ajudar cidadãos” e que a Itália irá renegociar mudanças à governança da União Europeia.
(Reportagem adicional de Crispian Balmer, Philip Pullella, Angelo Amante, Giuseppe Fonte, Antonio Denti e Massimiliano Di Giorgio, em Roma)